Relatório
1. Avaliação feita pelos organizadores
As actividades do Encontro decorreram de acordo com o programa apresentado no momento da candidatura a financiamento e com a participação de 212 professores de Português / Língua Portuguesa de todo o país e de todos os níveis de ensino. Destes, 179 pagaram taxa de inscrição, sendo os restantes oradores convidados (9), presidentes de mesa (8), membros da comissão organizadora e da comissão científica (7), relatores (7) e convidados (2). Apesar do convite endereçado, entre outros, ao Presidente da República e à Ministra da Educação, nenhuma entidade pública esteve oficialmente representada.
As principais novidades introduzidas nesta edição do Encontro, e das quais se faz um saldo positivo, foram: oficinas (4), simpósios (1), pasquim do encontro (3) e sessão final de discussão de conclusões (1). Mantiveram-se, com sucesso, as conferências (2), as conferências comentadas (1) e as comunicações de autopropostos (15).
2. Avaliação por questionário feita pelos participantes
(N = 116)
2.1. Aspectos mais positivos
Qualidade das comunicações
| 34%
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Pertinência do tema
| 29%
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Qualidade da organização
| 28%
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Partilha de experiências
| 24%
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Diversidade de sub-temas e de formatos das comunicações
| 22%
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Pasquim do Encontro
| 17%
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Cumprimento dos horários
| 9%
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Estímulo à alteração / aperfeiçoamento da prática lectiva
| 9%
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Reflexão proporcionada
| 9%
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Ambiente informal e simpático
| 8%
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As intervenções mais apreciadas terão sido, por ordem decrescente, as dos seguintes oradores: Bernard Rey, Teresa Ribas, São Luís Castro, Sónia Mairos Nogueira, Manuel Ramos, Helena Montenegro, Maria Antónia Coutinho e Marisa Alves.
Foram ainda referidos os seguintes aspectos positivos: programa social; actas em CD; inclusão de oficinas; aquisição de novos saberes; recursos tecnológicos disponíveis; documentação distribuída; bancas das editoras; comes e bebes nos intervalos; participação de oradores estrangeiros; o espaço / local; a sessão final de conclusões; e o convívio entre colegas.
2.2. Aspectos menos positivos
Intervenções excessivamente teóricas
| 27%
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Problemas com as oficinas (anulação, equipamento,...)
| 22%
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Pouca polémica / intervenção do público / debate
| 18%
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Pouco tempo disponível para cada intervenção
| 16%
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Faltou a partilha de boas práticas
| 9%
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Relação entre algumas intervenções e o tema geral
| 9%
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Número reduzido de participantes
| 9%
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Sobreposição de sessões (comunicações e oficinas)
| 9%
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Algumas comunicações
| 8%
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E ainda: poucos roteiros, deficiente cumprimento dos horários, sessão de conclusões algo repetitiva, grande densidade de actividades, preço para sócios elevado, ausência dos estudos literários, documentação distribuída.
2.3. Comentário / Observações / Sugestões
Incluir mais oficinas
| 11%
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Partilha de boas práticas
| 9%
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Terminologia linguística como tema central
| 8%
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Oralidade como tema central
| 5%
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Competências (ensino e avaliação) como tema central
| 4%
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Maior interacção oradores-plateia
| 3%
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Mais roteiros
| 3%
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Português Língua Não Materna como tema central
| 3%
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E ainda: as TIC como tema central; encontros com maior frequência; incluir exposições de arte; evitar sobreposições; os novos programas como tema central; encontro à 4ª, 5ª e 6ª feira; a transversalidade como tema central; maior presença dos estudos literários.
3. Avaliação por relatório feita pelos participantes / formandos
(N = 16)
"...Diversificar é preciso. Viver não é preciso..."
"Começando pelo aspecto mais formal, vou ressaltar a boa organização do encontro. Embora possa parecer um aspecto marginal, na realidade o contacto com um trabalho bem realizado é sempre contagiante e funciona como incentivo a melhorar a própria actividade profissional."
"A realização de acções de formação junto da comunidade educativa sobre pedagogia diferenciada no ensino do português em contexto multilingue parece-nos premente."
"Foram momentos francamente positivos em que houve a exposição dos necessários pressupostos teóricos de diversos especialistas nacionais e internacionais nessa área [pedagogia diferenciada] e afins, houve espaço para o diálogo e a colaboração dos participantes e, acima de tudo, foram momentos importantes de reflexão sobre as novas concepções, metodologias e práticas do ensino da língua portuguesa não esquecendo as suas vertentes literária e cultural."
"Este evento sensibilizou-me para uma reflexão mais atenta sobre a escola dos nossos dias, que, como sabemos, enfrenta o grande desafio de dar resposta à enorme diversidade de alunos com perfis socioeconómicos, linguísticos, culturais e cognitivos, consideravelmente diferenciados, fruto do alargamento da escolaridade obrigatória e da consequente massificação do ensino."
"Como defendeu lapidarmente Coménio: a proa e a popa da nossa didáctica será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os alunos aprendam mais; nas escolas haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e ao contrário, haja mais recolhimento, mais atractivo e mais sólido progresso."
"Fala-se tanto da necessidade de implementar estratégias oficinais na aula de Português, então por que não atribuir à disciplina de Português um carácter prático como o que é atribuído a disciplinas laboratoriais, com a consequente redução do número de alunos por turma ou turno?"
"Penso que este evento foi bem concebido e organizado nos mínimos pormenores: a variedade de metodologias seguidas, a presença das editoras, as pausas que propiciaram encontros e discussões, a distribuição dos textos do encontro em CD-ROM e respectivos resumos, o "Pasquim" com as sínteses e opiniões sobre o dia anterior, e até as propostas extra de índole cultural e/ou de convívio como o jantar queirosiano, a ida ao teatro e os roteiros culturais."
"A diversidade de metodologias adequou-se claramente ao espírito do encontro."
"Parece-me muitíssimo importante que se continuem a fomentar diversas formas de comunicação de saberes que permitam interacções diversificadas por parte dos participantes: da conferência às comunicações, passando pelas oficinas e pelos roteiros; destaco igualmente o espaço dado à palavra da assistência em todas as sessões a que assisti. Ainda assim, alguns participantes terão destacado como aspecto negativo a pouca intervenção por parte do público."
"Não basta ouvirmos, concordarmos, discordarmos, refutarmos ou anuirmos, o que interessa é não termos ficado inertes e que de facto algo se reflicta posteriormente e mude efectivamente as nossas práticas."
"No decorrer das intervenções, levantou-se-me uma dúvida que se relaciona, por um lado, com a metodologia adoptada e, por outro, com o factor tempo. Até que ponto é preferível a opção de se acelerarem as comunicações, para se cumprir o horário previsto no programa? (...) Reflectindo agora sobre o assunto, parece-me que o cumprimento do horário é primordial, e que a maneira de ultrapassar o problema seria a redução do número de comunicações diárias."
"Houve demasiadas comunicações. Creio que teria sido mais proveitoso para os participantes e para os comunicadores um maior à-vontade com o tempo."
"As oficinas de trabalho são uma modalidade que, apraz-me registar, continuam a constituir um forte investimento da APP. Porque dão a possibilidade aos formandos de seleccionarem temas mais condizentes com as suas necessidades prioritárias, penso que devem manter-se na configuração de futuras acções de formação deste género."
"De todas as intervenções a que tive oportunidade de assistir, coloco um especial realce na conferência de abertura [B. Rey], não só pela inegável qualidade científica do orador, mas ainda pela forma simples e clara como soube expor os seus pontos de vista. Trata-se de um excelente comunicador que, como já disse, sabe aliar os seus invejáveis conhecimentos a uma capacidade de falar com públicos tão vastos."
"Pelo exposto [simpatia, empatia e alertas importantes] e porque "n'a pas lu" B. Rey, no dia 21 - Dia Internacional da Língua Materna - foi o melhor comunicador."
"Dela extraí uma ideia nova: a de que não é proveitoso para os alunos a constituição de turmas homogéneas, umas com alunos de nível muito bom, outras com alunos bons, outras com alunos de nível inferior, principalmente devido a este último grupo, uma vez que os estudos mais recentes provam que juntando alunos com um baixo nível de conhecimentos, estes não avançam, e que aprendem mais se estiverem em turmas com outros que tenham mais conhecimentos adquiridos."
" Considerei dois aspectos como fundamentais: o primeiro foi o facto, por mim também já constatado, de que há uma espécie de "crise da gramática" ou "fuga à gramática" e que também se encontra espelhada nos programas de Língua Portuguesa (...). A segunda ideia mais interessante da intervenção foi a proposta de um "ensino integrado" da gramática."
"Nessa manhã [do terceiro dia], várias vezes li no programa o título "Debate Plenário"! Não, não estava a ler mal. Alguma outra coisa, naquela sala, estava a ocorrer, mas não um debate!"
"O momento em que eu pensava que o público teria uma maior expressão - o debate plenário do último dia -, acabou por se revelar mais um momento para os conferencistas novamente expressarem as suas conclusões sobre as diversas apresentações e, como já referi, não sobrou quase tempo nenhum para a intervenção do público anónimo."
"O debate plenário que teve lugar no último dia pareceu-me bastante participado e muito bem orientado; permitiu que a assembleia se manifestasse sobre questões relacionadas com a temática do encontro; possibilitou a expressão do sentimento dos participantes sobre a globalidade dos assuntos tratados, numa vertente prática, que revela quanto os professores precisam de debater entre si estes temas."
"O debate plenário - que de facto se transformou quase só num resumo do encontro - e os debates temáticos não resultaram tanto, possivelmente pelo elevado número de participantes. No entanto, os intervalos permitiram debates informais em pequenos grupos que - no meu caso - foram bastante proveitosos."
"Termino com um desafio à APP - é necessário envolver os colegas do 1ºCEB nestes encontros. É nos primeiros anos que os alunos aprendem (ou não) a ler e escrever. E muitos nunca mais aprenderão. Uma casa não se começa pelo telhado."
4. Perspectivas
Perante esta avaliação, a actual Direcção da APP considera que o 7º Encontro Nacional da APP deverá decorrer a Norte de Lisboa, quiçá na Casa Diocesana de Vilar, no Porto, uma quinzena depois do fim da pausa lectiva do Carnaval (aprox. 7-9 de Março), e ter como tema central a Oralidade. Afigura-se desejável um menor número de comunicações para o tempo disponível e urgente pensar uma estratégia de dinamização das intervenções do público. Por fim, as pré-inscrições no jantar e no teatro devem realizar-se mediante pagamento, enquanto as oficinas não deverão ter pré-inscrições.
Lisboa, 30 de Março de 2005