6º Encontro Nacional da APP



Lisboa, Portugal

21 a 23 de Fevereiro de 2005


Apresentação

Programa

Relatório

Apresentação

Nos dias 21 a 23 de Fevereiro de 2005, teve lugar em Lisboa, na Escola Superior de Comunicação Social (Benfica), o 6º Encontro Nacional da APP cujo tema - Diversidade, Diversificação e Diferenciação -, foi sugerido pela avaliação dos participantes na edição anterior e abrange todas as vertentes e modalidades do ensino da língua portuguesa em Portugal - oralidade, leitura, escrita, conhecimento explícito, materiais, avaliação... -.

A pedagogia diferenciada afigura-se como uma perspectiva pedagógica que melhor responde à heterogeneidade dos alunos resultante do alargamento da escolaridade obrigatória e da massificação do ensino. Pretende-se, com o envolvimento de todos os participantes neste encontro, a apresentação de práticas, a discussão e a reflexão sobre a diversificação e a diferenciação dos instrumentos e da actividade didáctico-pedagógica. Para tal, além das conferências e comunicações plenárias, o programa inclui oficinas e uma sessão final de apresentação e discussão de conclusões.

COMISSÃO CIENTÍFICA
Cristina Mello (Universidade de Coimbra)
Emília Amor (Esc. Bás. 2-3 Conde de Oeiras, Oeiras)
Inês Duarte (Universidade de Lisboa)
Luísa Álvares Pereira (Universidade de Aveiro)
Maria de Lourdes Dionísio (Universidade do Minho, Braga)
Maria José Ferraz (Esc. Sec. Rainha D. Leonor, Lisboa)

COMISSÃO ORGANIZADORA
Ana Clara Jorge de Sousa
Ana Maria de Sousa
Edviges Antunes Ferreira
Manuel Campos Pinto
Paulo Feytor Pinto

CONTACTOS
Bairro da Liberdade, 7 - R/C - 9
1070-023 Lisboa
Tel. 213 861 766 /8
Fax. 213 861 819
aprofport@app.pt


Programa do Encontro

Dia 21 (2ª Feira) Dia 22 (3ª Feira) Dia 23 (4ª Feira)
08:30 - Recepção

09:30 - Conferência de Abertura

Pedagogia Diferenciada, Bernard Rey (Universidade Livre de Bruxelas)

09:30 - Conferência Comentada

Diferenciação no ensino da escrita.,Teresa Ribas Seix (Universidade Autónoma de Barcelona) e Manuela Terrasêca (Universidade do Porto)

09:30 - Debate plenário
11.30 - Simpósio

Géneros de Texto e Contexto Escolar
Mª Antónia Coutinho, Marisa Alves e Florencia Miranda (Universidade Nova de Lisboa)

11.30 - Assembleia Geral da APP 2004

- Relatório e Contas 2004
- Plano e Orçamento para 2005

11.30 - Conferência de Encerramento

Psicologia da Linguagem e Pedagogia Diferenciada,
São Luís Castro (Univ. do Porto)

14.30 - Comunicações

Credo da Pedagogia Diferenciada: "O que amares com força ficará, o resto é escória", Vera Borges

Relação com a Língua: uma Relação Diferenciada,
Luís Filipe Barbeiro

A Expressão Diferenciada nos Nossos Movimentos Corporais,
Catarina Loio

Compreender as necessidades e interessses de crianças sobredotadas: um desafio às escolas!,
Sónia Mairos Nogueira 14.30 - Oficinas

Oficina A1
Hot Potatoes - Ferramenta Facilitadora da Pedagogia Diferenciada,
Guida Querido

Oficina B1
Simulação Global na Internet,
Albino e Natividade Santos

14.30 - Comunicações

Oficina de Escrita - a Palavra, a Frase, o Texto no Espaço-Folha,
Inês Silva, Carla Marques e Paula Ferreira

Oficinas de Escrita: para uma Didáctica do "Saber Escrever",
Rosa Lídia Silva

A Escrita Colaborativa: das Estratégias dos Alunos para a Pedagogia dos Professores,
Patrícia Dias Alves

Escrever Direito com a Mão Esquerda,
Flora Azevedo 14.30 - Oficinas

Oficina C1
Os Parques Naturais de Portugal - Temática para a Aprendizagem do Português,
Manuel Ramos

Oficina D1
Língua Gestual Portuguesa,
Maria de Fátima Silva

14.30 - Roteiros
16:30 - Comunicações

O Ensino do Português - da Gramática ao Texto ou do Texto à Gramática,
Helena Mateus Montenegro

O Mito da Gramática: da Função Normativa na Gramática Escolar,
António Carvalho da Silva

Deve o Professor de Português falar do Poder das Palavras?,
Benjamim Moreira

Dos Contratos de Leitura ao Fórum de Discussão,
Ruth Navas
16.30 - Oficinas

Oficina A2
Hot Potatoes - Ferramenta Facilitadora da Pedagogia Diferenciada,
Guida Carreira Querido

Oficina B2
Simulação Global na Internet,
Albino e Natividade Santos

16:30 - Comunicações

Pensar com os Alunos os Novos Programas de Língua Portuguesa,
Ana Cristina Soares

Saber Ouvir e Saber Falar para Aprender a Ser: Contributos para uma Didáctica da Oralidade,
Ana L. Pinto

A Disciplina de Língua Portuguesa no Âmbito de um Projecto Coménius,
Manuela Cerejeira

Relato de duas experiências com alunos de Informática,
Conceição Lima Bento 16.30 - Oficinas

Oficina C2
Os Parques Naturais de Portugal - Temática para a Aprendizagem do Português,
Manuel Ramos

Oficina D2
Língua Gestual Portuguesa,
Maria de Fátima Silva




Relatório


1. Avaliação feita pelos organizadores

As actividades do Encontro decorreram de acordo com o programa apresentado no momento da candidatura a financiamento e com a participação de 212 professores de Português / Língua Portuguesa de todo o país e de todos os níveis de ensino. Destes, 179 pagaram taxa de inscrição, sendo os restantes oradores convidados (9), presidentes de mesa (8), membros da comissão organizadora e da comissão científica (7), relatores (7) e convidados (2). Apesar do convite endereçado, entre outros, ao Presidente da República e à Ministra da Educação, nenhuma entidade pública esteve oficialmente representada.

As principais novidades introduzidas nesta edição do Encontro, e das quais se faz um saldo positivo, foram: oficinas (4), simpósios (1), pasquim do encontro (3) e sessão final de discussão de conclusões (1). Mantiveram-se, com sucesso, as conferências (2), as conferências comentadas (1) e as comunicações de autopropostos (15).

2. Avaliação por questionário feita pelos participantes
(N = 116)

2.1. Aspectos mais positivos

Qualidade das comunicações 34%
Pertinência do tema 29%
Qualidade da organização 28%
Partilha de experiências 24%
Diversidade de sub-temas e de formatos das comunicações 22%
Pasquim do Encontro 17%
Cumprimento dos horários 9%
Estímulo à alteração / aperfeiçoamento da prática lectiva 9%
Reflexão proporcionada 9%
Ambiente informal e simpático 8%

As intervenções mais apreciadas terão sido, por ordem decrescente, as dos seguintes oradores: Bernard Rey, Teresa Ribas, São Luís Castro, Sónia Mairos Nogueira, Manuel Ramos, Helena Montenegro, Maria Antónia Coutinho e Marisa Alves.

Foram ainda referidos os seguintes aspectos positivos: programa social; actas em CD; inclusão de oficinas; aquisição de novos saberes; recursos tecnológicos disponíveis; documentação distribuída; bancas das editoras; comes e bebes nos intervalos; participação de oradores estrangeiros; o espaço / local; a sessão final de conclusões; e o convívio entre colegas.

2.2. Aspectos menos positivos

Intervenções excessivamente teóricas 27%
Problemas com as oficinas (anulação, equipamento,...) 22%
Pouca polémica / intervenção do público / debate 18%
Pouco tempo disponível para cada intervenção 16%
Faltou a partilha de boas práticas 9%
Relação entre algumas intervenções e o tema geral 9%
Número reduzido de participantes 9%
Sobreposição de sessões (comunicações e oficinas) 9%
Algumas comunicações 8%

E ainda: poucos roteiros, deficiente cumprimento dos horários, sessão de conclusões algo repetitiva, grande densidade de actividades, preço para sócios elevado, ausência dos estudos literários, documentação distribuída.

2.3. Comentário / Observações / Sugestões

Incluir mais oficinas 11%
Partilha de boas práticas 9%
Terminologia linguística como tema central 8%
Oralidade como tema central 5%
Competências (ensino e avaliação) como tema central 4%
Maior interacção oradores-plateia 3%
Mais roteiros 3%
Português Língua Não Materna como tema central 3%

E ainda: as TIC como tema central; encontros com maior frequência; incluir exposições de arte; evitar sobreposições; os novos programas como tema central; encontro à 4ª, 5ª e 6ª feira; a transversalidade como tema central; maior presença dos estudos literários.

3. Avaliação por relatório feita pelos participantes / formandos
(N = 16)

"...Diversificar é preciso. Viver não é preciso..."

"Começando pelo aspecto mais formal, vou ressaltar a boa organização do encontro. Embora possa parecer um aspecto marginal, na realidade o contacto com um trabalho bem realizado é sempre contagiante e funciona como incentivo a melhorar a própria actividade profissional."

"A realização de acções de formação junto da comunidade educativa sobre pedagogia diferenciada no ensino do português em contexto multilingue parece-nos premente."

"Foram momentos francamente positivos em que houve a exposição dos necessários pressupostos teóricos de diversos especialistas nacionais e internacionais nessa área [pedagogia diferenciada] e afins, houve espaço para o diálogo e a colaboração dos participantes e, acima de tudo, foram momentos importantes de reflexão sobre as novas concepções, metodologias e práticas do ensino da língua portuguesa não esquecendo as suas vertentes literária e cultural."

"Este evento sensibilizou-me para uma reflexão mais atenta sobre a escola dos nossos dias, que, como sabemos, enfrenta o grande desafio de dar resposta à enorme diversidade de alunos com perfis socioeconómicos, linguísticos, culturais e cognitivos, consideravelmente diferenciados, fruto do alargamento da escolaridade obrigatória e da consequente massificação do ensino."

"Como defendeu lapidarmente Coménio: a proa e a popa da nossa didáctica será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os alunos aprendam mais; nas escolas haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e ao contrário, haja mais recolhimento, mais atractivo e mais sólido progresso."

"Fala-se tanto da necessidade de implementar estratégias oficinais na aula de Português, então por que não atribuir à disciplina de Português um carácter prático como o que é atribuído a disciplinas laboratoriais, com a consequente redução do número de alunos por turma ou turno?"

"Penso que este evento foi bem concebido e organizado nos mínimos pormenores: a variedade de metodologias seguidas, a presença das editoras, as pausas que propiciaram encontros e discussões, a distribuição dos textos do encontro em CD-ROM e respectivos resumos, o "Pasquim" com as sínteses e opiniões sobre o dia anterior, e até as propostas extra de índole cultural e/ou de convívio como o jantar queirosiano, a ida ao teatro e os roteiros culturais."

"A diversidade de metodologias adequou-se claramente ao espírito do encontro."

"Parece-me muitíssimo importante que se continuem a fomentar diversas formas de comunicação de saberes que permitam interacções diversificadas por parte dos participantes: da conferência às comunicações, passando pelas oficinas e pelos roteiros; destaco igualmente o espaço dado à palavra da assistência em todas as sessões a que assisti. Ainda assim, alguns participantes terão destacado como aspecto negativo a pouca intervenção por parte do público."

"Não basta ouvirmos, concordarmos, discordarmos, refutarmos ou anuirmos, o que interessa é não termos ficado inertes e que de facto algo se reflicta posteriormente e mude efectivamente as nossas práticas."

"No decorrer das intervenções, levantou-se-me uma dúvida que se relaciona, por um lado, com a metodologia adoptada e, por outro, com o factor tempo. Até que ponto é preferível a opção de se acelerarem as comunicações, para se cumprir o horário previsto no programa? (...) Reflectindo agora sobre o assunto, parece-me que o cumprimento do horário é primordial, e que a maneira de ultrapassar o problema seria a redução do número de comunicações diárias."

"Houve demasiadas comunicações. Creio que teria sido mais proveitoso para os participantes e para os comunicadores um maior à-vontade com o tempo."

"As oficinas de trabalho são uma modalidade que, apraz-me registar, continuam a constituir um forte investimento da APP. Porque dão a possibilidade aos formandos de seleccionarem temas mais condizentes com as suas necessidades prioritárias, penso que devem manter-se na configuração de futuras acções de formação deste género."

"De todas as intervenções a que tive oportunidade de assistir, coloco um especial realce na conferência de abertura [B. Rey], não só pela inegável qualidade científica do orador, mas ainda pela forma simples e clara como soube expor os seus pontos de vista. Trata-se de um excelente comunicador que, como já disse, sabe aliar os seus invejáveis conhecimentos a uma capacidade de falar com públicos tão vastos."

"Pelo exposto [simpatia, empatia e alertas importantes] e porque "n'a pas lu" B. Rey, no dia 21 - Dia Internacional da Língua Materna - foi o melhor comunicador."

"Dela extraí uma ideia nova: a de que não é proveitoso para os alunos a constituição de turmas homogéneas, umas com alunos de nível muito bom, outras com alunos bons, outras com alunos de nível inferior, principalmente devido a este último grupo, uma vez que os estudos mais recentes provam que juntando alunos com um baixo nível de conhecimentos, estes não avançam, e que aprendem mais se estiverem em turmas com outros que tenham mais conhecimentos adquiridos."

" Considerei dois aspectos como fundamentais: o primeiro foi o facto, por mim também já constatado, de que há uma espécie de "crise da gramática" ou "fuga à gramática" e que também se encontra espelhada nos programas de Língua Portuguesa (...). A segunda ideia mais interessante da intervenção foi a proposta de um "ensino integrado" da gramática."

"Nessa manhã [do terceiro dia], várias vezes li no programa o título "Debate Plenário"! Não, não estava a ler mal. Alguma outra coisa, naquela sala, estava a ocorrer, mas não um debate!"

"O momento em que eu pensava que o público teria uma maior expressão - o debate plenário do último dia -, acabou por se revelar mais um momento para os conferencistas novamente expressarem as suas conclusões sobre as diversas apresentações e, como já referi, não sobrou quase tempo nenhum para a intervenção do público anónimo."

"O debate plenário que teve lugar no último dia pareceu-me bastante participado e muito bem orientado; permitiu que a assembleia se manifestasse sobre questões relacionadas com a temática do encontro; possibilitou a expressão do sentimento dos participantes sobre a globalidade dos assuntos tratados, numa vertente prática, que revela quanto os professores precisam de debater entre si estes temas."

"O debate plenário - que de facto se transformou quase só num resumo do encontro - e os debates temáticos não resultaram tanto, possivelmente pelo elevado número de participantes. No entanto, os intervalos permitiram debates informais em pequenos grupos que - no meu caso - foram bastante proveitosos."

"Termino com um desafio à APP - é necessário envolver os colegas do 1ºCEB nestes encontros. É nos primeiros anos que os alunos aprendem (ou não) a ler e escrever. E muitos nunca mais aprenderão. Uma casa não se começa pelo telhado."

4. Perspectivas

Perante esta avaliação, a actual Direcção da APP considera que o 7º Encontro Nacional da APP deverá decorrer a Norte de Lisboa, quiçá na Casa Diocesana de Vilar, no Porto, uma quinzena depois do fim da pausa lectiva do Carnaval (aprox. 7-9 de Março), e ter como tema central a Oralidade. Afigura-se desejável um menor número de comunicações para o tempo disponível e urgente pensar uma estratégia de dinamização das intervenções do público. Por fim, as pré-inscrições no jantar e no teatro devem realizar-se mediante pagamento, enquanto as oficinas não deverão ter pré-inscrições.

Lisboa, 30 de Março de 2005