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A escrita como processo

1. Factores motivadores deste trabalho

Em primeiro lugar, houve um conjunto de factores que, integrados, constituíram a actividade catalisadora que levou à construção dos materiais didácticos que se apresentam. De entre esses factores destacam-se:

i) A constatação daquilo a que se chama a «desertificação do território da escrita».

ii) A artificialidade das produções escritas no nosso ensino.

iii) As dificuldades e lacunas que os alunos revelam na sua escrita.

iv) A ausência de uma prática sistemática e sistematizada no ensino da escrita - a escrita que hoje se pratica nas nossas escolas limita-se, tão-só, à escrita do sumário e ao registo esporádico daquilo que o professor faz no quadro.

v) A focalização no produto e não no processo de escrita, com todas as consequências que daí advêm - a ausência de uma planificação, a dificuldade em fazer-se a revisão do texto, com uma incidência quase exclusiva nos aspectos do nível mais superficial do texto como a ortografia ou o léxico, ignorando-se os processos de coesão textual.


2. Objectivos dos materiais

Constituem objectivos destes materiais:

i) Promover práticas de escrita organizada e intencionalmente orientada.

ii) Ensinar a escrita como processo e não como produto.

iii) Focalizar a atenção do aluno, não só nos objectivos de carácter linguístico mas também nos designados objectivos retóricos, como a consideração do destinatário e as finalidades do texto.

iv) Promover determinados comportamentos de escrita e, posteriormente, rotinizar esses comportamentos.

v) Utilizar as tecnologias da informação, neste caso, o computador, para incentivar os alunos e familiarizá-los com este meio auxiliar.

3. Nível de ensino

Embora os materiais concebidos tenham a possibilidade de se adequarem a vários níveis de ensino e a diferentes graus de desenvolvimento dos alunos, os materiais aqui apresentados foram pensados para se adequarem ao final do 4º ano de escolaridade.

3.1. Porquê a preferência por este nível de ensino?

A evolução do processo de escrita faz-se de modo faseado. Numa primeira etapa, a criança concentra toda a sua atenção na correspondência fonema-grafema e vice-versa e isso exige-lhe um enorme esforço. Gradualmente, essa correspondência passa a ser feita de forma automática e, então, a escrita torna-se mais fluida e mais rápida, não estando, no entanto, ainda interiorizada a diferença entre o discurso oral e o escrito. Finalmente, numa terceira fase, a criança assume com clareza as diferenças entre a comunicação oral e a escrita e esta passa a revestir-se, então, de mais clareza e correcção.

Uma vez que, no final do 1º ciclo, os alunos já rotinizaram as correspondências fonema-grafema, já escrevem com fluência e, portanto, já se pode esperar um investimento cognitivo noutra área do processo de escrita. Por outro lado, é nesta fase que os alunos estão mais receptivos a sugestões, pois ainda não adquiriram o seu processo redaccional. Em anos posteriores, os alunos já adquiriram determinadas técnicas de escrita - a maior parte das vezes inadequadas, como a total omissão da realização de um plano de escrita,por exemplo - e, por isso, há maior resistência à aquisição de novos processos.

4. Domínio a trabalhar

Tendo em conta os programas dos três ciclos do Ensino Básico, pretende-se desenvolver o domínio da expressão escrita ou «comunicação escrita», como aparece no programa.

5. Descrição dos materiais

O conjunto que agora se apresenta é configurado por algumas características gerais:

i) Trata-se de materiais que, pelas instruções neles constantes, podem ser adaptados a qualquer tipo produção escrita, o que os torna flexíveis e universais.

ii) Permitem uma tripla utilização: através do papel e acetato como único suporte, através do computador e, finalmente, combinando as duas modalidades anteriores.

iii) Permitem acrescentamentos e reestruturações, o que os afasta da rigidez de certos materiais e os torna moldáveis.

iv) Abrangem duas etapas fundamentais em qualquer processo de ensino-aprendizagem: por um lado, uma fase de explicação e, por outro lado, uma fase de exemplificação. Estas duas fases precedem a fase de aplicação, a ser desenvolvida pelo aluno com a ajuda do professor e dos colegas.

Trata-se de pequenas fichas, em cartolina, destinadas a serem recortadas pelo próprio aluno. Num dos lados de cada ficha, existe uma pequena mascote, o Scripti, que dá instruções ao aluno no sentido de monitorizar o processo de escrita. No verso de cada ficha, encontra-se a justificação para cada uma das sugestões apresentadas na parte da frente.
O grande objectivo deste material é ajudar os alunos a interiorizar determinados comportamentos que são importantes no processo de escrita. À medida que esses processos forem sendo rotinizados, as fichas serão gradualmente abandonadas.

Foram feitos três conjuntos de fichas:

1º conjunto: constituído por 6 fichas, todas da mesma cor para uma mais fácil identificação, e que incidem na área da planificação do texto.

2º conjunto: constituído por outras 6 fichas, de outra cor, e que incidem na área da revisão do texto.

3º conjunto (destinado a ser manuseado exclusivamente pelo professor, não sendo distribuído aos alunos): constituído por 13 diapositivos cuja função é exemplificar a utilização dos dois primeiros conjuntos.

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