Festival de Teatro de Almada

De 4 a 18 de julho tem lugar o 39.º Festival de Teatro de Almada, cuja programação inclui, entre outros, e além dos espetáculos de teatro, uma homenagem a José Manuel Castanheira, música na esplanada – com concertos todos os dias, ao início da noite – e os “actos complementares”, com encontros, colóquios, um curso de formação, uma exposição fotográfica e o lançamento de livros de cenografia.

O ambicioso programa, que pode ser visto aqui, inclui uma feliz homenagem ao conceituado e premiado arquiteto, cenógrafo e pintor José Manuel Castanheira, cuja extensa obra de mais de 300 cenografias inclui, além do teatro, múltiplos trabalhos para cinema, bailado e ópera.

Alguns destaques a ter em conta, de entre um conjunto de mais de 20 espetáculos, com encenadores e atores portugueses e estrangeiros:

 Selvagem, de Marco Martins, propõe uma reflexão sobre o uso da máscara em práticas ritualísticas que, desde tempos imemoriais, marcam coletivamente em vários pontos da Europa momentos cruciais como equinócios e solstícios. Espetáculo em português, italiano e sardo, legendado em português.

 Ödipus / Édipo, de Maja Sade, com encenação de Thomas Ostermeier, mostra-nos como uma vida pode mudar completamente de um segundo para o outro. O que acontece quando aquilo que sempre acreditámos ser verdade se revela uma mentira? Espetáculo em alemão, legendado em português.

Sonho, de August Strindberg, tem encenação de António Pires e tradução de Luís Miguel Cintra. Diz o tradutor: qualquer montagem desta obra “precisa de recriar uma poesia cuja única coerência parece ser a da incoerência de um sonhador em cima de um palco, que por sua vez é coletivo por natureza, por excelência, por definição. Alguém sonhou este sonho, mas este sonho sobe aos palcos. Como se põe muita gente a dar carne outra vez ao sonho de outro?”.

Em Falaise / Falésia, de Camille Decourtye e Blaï Mateu Trias, os humanos e os animais gritam, procuram, tateiam. Avançam o melhor que podem no túnel dos tempos. Estamos na base da parede ou no topo do mundo? Será que a vida morre, ou que renasce? Os intérpretes caem e erguem-se sempre com a mesma clareza, a mesma inocência, a mesma insistência.

Quarenta e cinco anos após a criação de I was sitting on my patio this guy appeared I thought I was hallucinating, Robert Wilson e Lucinda Childs transmitem a dois novos intérpretes – o ator alemão Christopher Nell e a bailarina australiana Julie Shanahan – os seus papéis neste solo desdobrado. Trata se de um espetáculo de ruptura. I was sitting on my patio… foi montado por Robert Wilson em 1977, um ano após a criação de Einstein on the Beach e da sua energia bem marcada. Estamos perante um monólogo privado de ação, que origina uma corrente de associação de ideias irracional, cravada na depuração de um cenário a preto e branco e animada por uma gestualidade inicialmente angulosa e depois febril.

 

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