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Pontuação e leitura

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Soluções para os sete exercícios


Textos de apoio para o professor
1. Pontuação e história
2. Pontuação e expressão
3. Pontuação e gramática
4. Pontuação e parágrafo
5. Pontuação e frase
6. Pontuação e oração
B. Caldeirão Gramatical… para compreender e saber usar a pontuação
  • O ponto final ( . )
  • O Ponto de interrogação ( ? )
  • O Ponto de exclamação ( ! )
  • A Vírgula ( , )
  • O Ponto e vírgula ( ; )
  • Os Dois Pontos ( : )
  • As Aspas ou Comas ( « » )
  • O Travessão ( - )
  • As reticências ( … )
  • Os parênteses ou parêntesis ( )



  • Textos de apoio para o professor


    A. É importante saber…


    1. pontuação e história (1)

    Os sinais de pontuação mudaram através dos tempos, quer na sua forma gráfica quer na sua função e utilização. A pontuação tem acompanhado o desenvolvimento da escrita. (…) A pontuação começa como um código grosseiro usado pelos escribas num trabalho solitário e individual e desenvolve-se até se tornar num código estandardizado com regras definidas, embora sempre em constante devir.

    Nina Catach(2) (1988) situa o início da pontuação no cuidado de Zénodoto de Éfeso de Éfeso (320-240 a.C.), responsável pela biblioteca de Alexandria, em deixar espaços para separar as cópias de textos de diferentes autores. Nesta altura, a escrita era cursiva ou contínua, isto é, no grego da altura não se separavam ainda as palavras por espaços. Só mais tarde, e para bem da legibilidade, os escribas começam por separar as palavras por espaços e a acrescentar aos textos notas auxiliares de como recitar um determinado verso, como pronunciar uma determinada palavra, qual a qualidade de determinada vogal, etc. a que chamavam pontos. Daí a palavra pontuação para designar todos os sinais que auxiliam a compreensão do texto, incluindo aquilo a que hoje chamamos acentuação.

    (…)
    A função e utilização dos diversos sinais de pontuação tem mudado também. A maiusculação era muito mais frequente nos textos do século XV e XVI do que hoje. Além de funções que ainda hoje vigoram, as maiúsculas eram ainda um sinal de reverência e distância (Catach: p. 38). O hífen ou traço de união (…) não é usado senão bastante recentemente. No tempo de D. João III, como podemos atestar em textos da época, a palavra dá-las ainda seguia a ortografia dallas.

    A estabilidade do sistema de pontuação é o resultado de factos históricos. A utilização da imprensa contribui para um grande passo na história da pontuação. Este avanço técnico da humanidade possibilita uma produção muito abundante de textos escritos. A necessidade de uma produção mais rápida exige maior mecanização e automatização na produção. Ao mesmo tempo, visto que o livro passa a ser acessível a camadas mais vastas de leitores, é necessária uma maior estandardização e simplificação dos sinais.

    (…) Nas várias línguas do globo há poucas variações no sistema de pontuação, apesar de todas as barreiras linguísticas e dos diferentes alfabetos utilizados, segundo o ilustram a título exemplificativo, a língua russa e a língua japonesa. A língua russa escreve-se em alfabeto círilico. A língua japonesa usa vários alfabetos conforme o texto, desde caracteres logográficos, relacionados com o significado, até caracteres silábicos relacionados com o som - os hirigana, mais elaborados, e os katakana, mais simplificados. Tanto a escrita russa como a escrita japonesa usam, no entanto, o sistema de pontuação que conhecemos, salvo em raros aspectos de pormenor.

    O sistema de pontuação ajusta-se às diferentes língua por meio de regras específicas. (…) As regras de interrogação em português, inglês e castelhano também diferem. Enquanto a maior parte das língua marca a interrogativa com um ponto de interrogação a indicar o final de frase, em castelhano, a interrogativa apresenta, além do ponto de interrogação de final de frase, um ponto de interrogação invertido. (…)

    A pontuação começa por ser uma organização pessoal da página, uma notificação para o próprio escriba. Só posteriormente se entende que essa notificação pode também auxiliara o leitor. Mais tarde, vê-se a pontuação como uma tendência da época ou como o estilo de um autor. O século XVII, por exemplo, traz para a pontuação a normalização decorrente da popularização da Imprensa. No século XVIII duas grande tendências se opõem. Por um lado, os tipógrafos interessam-se essencialmente pela aparência da página escrita. Por outro lado, os oradores, formados pala retórica, defendem o uso da pontuação para clarificar o sentido 3e para efeitos de expressividade. No século XIX, a moda era pontuar sempre que possível. No início do século XX, inverte-se a tendência - quanto menos pontuação melhor. (…)

    É fácil verificar que a alteração das regras de pontuação não é, no entanto, um fenómeno unilateral. Essa alteração tem sido um processo paralelo a modificações na estrutura da frase. O estudo da sintaxe a partir de 50 contribui para uma maior formalização da estrutura frásica. A década de 70 abriu para a aurora da textologia. Como consequência deste trabalho gera-se a possibilidade de sistematizar o estudo da pontuação segundo o cotejo com regras de texto, de parágrafo, de frase e de palavra.

    Greta Little(3) (1984) vê a pontuação actual como um produto de três tradições distintas: a retórica, a gramatical e a tipográfica. A tradição retórica, influenciada pela utilização da oratória, preocupa-se sobretudo com o som e a ênfase. Por isso, é difícil nesta corrente a enunciação de regras simples para pontuar. A tradição gramatical toma como ponto de referência a estrutura frásica. Partindo de algo mais definido que a tradição anterior, esta tradição contribui para a elaboração de regras gerais. A tradição tipográfica resulta de um esforço conjunto entre o autor e o editor e tem em conta o produto final na página escrita.

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    2. pontuação e expressão

    (…)
    A escrita tem, (…), características que a tornam preciosa como forma de verbalização. Para julgarmos da sua importância basta pensar que a invenção da escrita é o facto que divide a história da humanidade em pré--história e história. A escrita trouxe aos humanos a possibilidade de armazenarem informação verbalizada e a transmitirem através do tempo e do espaço. Não se ficou por aí, todavia. Se, a princípio, a função de armazenar informação foi a mis importante função da escrita, com o decorrer dos tempos, os objectivos da escrita foram-se diversificando. Podem referenciar-se documentos como o código de Hamurábi, rei da Babilónia (c.1792-1750 a.C.), feito para guardar as leis na memória de um povo. Este legado pode ainda hoje ser visto no museu do Louvre. Mais tarde, porém, surgem-nos exemplos de escrita em que a função informativa está ligada a uma actividade lúdica. Gradualmente, foram-se integrando na escrita mais e mais elementos de expressividade individual quer do autor, quer das personagens. (…)

    A pontuação reflecte de uma forma clara o grau de expressividade do texto. Vejamos como a pontuação de fim de frase reflecte essa expressividade. Uma frase pode terminar de quatro maneiras diferentes: ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação, e reticências. O ponto final é a forma mais marcada, mais formal e menos expressiva de terminar a frase. O ponto de interrogação termina frases interrogativas, mais expressivas que as afirmações. As chamadas perguntas retóricas não pedem resposta ao leitor ou ao ouvinte, e portanto são um mero recurso estilístico. Não deixam, no entanto, de ser eficazes para provocar uma reacção no destinatário. Em diálogo, por exemplo, a pergunta é seguida de uma resposta. A sua função está, neste caso, muito próximo da sua função de oralidade. Por isso, o ponto de interrogação é entendido como manifestação de expressividade: o falante pretende provocar no seu interlocutor uma reacção. Mais ligado ainda à expressividade é o ponto de exclamação. Uma frases exclamativa manifesta uma reacção do autor: ênfase, surpresa, admiração, incredulidade. É, portanto, um sinal de expressão de sentimentos do autor. Frases incompletas ou entrecortadas exprimem linhas de pensamento interrompido ou desviado que se afastam do fio do pensamento lógico. Através de desvios e lacunas na forma de pensamento surge um transbordar de emoções, sentimentos e outras manifestações da expressividade do indivíduo.

    A frequência com que sinais expressivos ocorrem no texto é outro índice de expressividade. Quanto mais frequentes, mais expressivo o texto. se a ocorrência de sinais de pontuação no texto é parcimoniosa, o facto pode indicar formalidade. A informalidade requer mais expressividade individual. Em termos formais procura-se equilíbrio e variedade para efeitos de clareza.

    Sinais de pontuação expressiva podem ocorrer juntos, isto é, repetidos. É possível encontrar uma frase interrogativa com dois ou três pontos de interrogação para indicar uma pergunta difícil de responder ou veemência acrescida da parte de quem pergunta.

    Ex.: Para quando respeito pela Natureza???

    Dois ou três pontos de exclamação manifestem grande surpresa.

    Ex.: E a montanha pariu um rato!!!

    Uma frase interrogativa pode ser acrescida de ponto de exclamação, adicionando à pergunta o elemento de surpresa.
    Ex.: Os ovnis aparecem frequentemente?!
    Ou vice-versa, uma frase exclamativa pode ser seguida de ponto de interrogação para indicar uma surpresa e dúvida ou descrédito.
    Ex.: A taxa de inflação vai descer!?
    Os sinais expressivos são utilizáveis em qualquer tipo de texto, mas serão mais frequentes e mais necessários em transcrição de textos orais e em textos dramáticos por representarem a linguagem oral com elevado grau de expressividade. Para o efeito, é muitas vezes necessário recorrer a meios menos ortodoxos de pontuação, como ponteados e tracejados, para exprimir diferentes tipos de pausas, ou palavras ou troços de frase escritos em maiúsculas para veicular passagem particularmente enfatizadas.
    (…)

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    3. pontuação e gramática

    Segundo Buffon, o estilo é o homem. Cada obra literária, cada texto, apresenta um determinado estilo. George Sand(4) afirma: "La ponctuation est encore plus l'homme que le style" (p.46). (…)

    Comunicar efectua-se de determinada forma para que seja possível a um destinatário entender a mensagem. Abrem-se perante o emissor manifestações de forma existentes ao seu alcance para moldar a mensagem. Um escritor, ao manifestar-se por escrito, escolhe de entre as opções linguísticas de que dispõe, quer seja a estrutura frásica, o léxico, ou as possibilidades de utilização da pontuação. (…) O sistema de pontuação oferece, (…), uma vasta área de terra-de-ninguém, de matéria não regulada, à semelhança do que se passa com a língua em geral, que está ao alcance da criatividade dos utilizadores da linguagem.

    Carlos de Oliveira é um campeão dos dois pontos. Em Finisterra, usa mais dois pontos do que a maior parte dos autores contemporâneos. São raras as paginas do seu romance em que não usa dois pontos quatro vezes, mesmo nas páginas sem diálogo.(…)

    Pode dizer-se que cada escritor tem o seu estilo de pontuar. A aplicação das regras de pontuação não se pode entender como algo de categórico, pois cada autor pode ter um modo específico de entender as regras de pontuação. Na verdade, se podemos citar frases de autores conhecidos para ilustrar as regras de pontuação, não é menos verdade que cada autor tem o seu estilo próprio. Pode caracterizar-se o estilo de pontuar de determinado autor pela época em que viveu, a tendência em que se inseriu, o tipo de texto que escreveu, ou o tipo de parágrafo, o tipo de frase e o tipo de oração que usou.

    A afirmação "a pontuação depende do estilo" é o emblema da liberdade e arte em pontuação. Abarca o que vai para além do que está regulamentado, pois pode entender-se a pontuação como um dos aspectos mais subjectivos da escrita.

    Lewis(5) (1894) começa a história do parágrafo com os Gregos. Pode dizer-se que o parágrafo foi o primeiro sinal de pontuação. Em manuscritos gregos, no entanto, o parágrafo era algo bem diferente daquilo que é hoje, (…). Nos seus primórdios, o parágrafo foi um traço horizontal que marcava o fim de uma secção de texto de uma frase ou mais. Esse sinal foi chamado para graphos, "escrito à margem" na sua etimologia. (…)

    Hoje, parágrafo é um sinal de pontuação marcado por linha em branco a seguir ao fim da frase final e marcação do início da frase a uns espaços da margem. Abarca um segmento de texto de uma ou mais frases. Semanticamente, um parágrafo desenvolve uma ideia ou tópico.

    Conforme o texto em que se insere, o parágrafo apresenta diferente características. O parágrafo do texto expositivo, uma designação um tanto lata que inclui o texto informativo, didáctico e até argumentativo, é o mais estudado. Considera-se que o parágrafo do texto expositivo contém uma frase tópico que funciona como o concentrado de todo o parágrafo. Por vezes, contém também uma frase de transição do parágrafo anterior ou/e para o parágrafo seguinte. O parágrafo é um segmento de texto com princípio, meio e fim. (…)

    (…)
    Outros tipos de parágrafo a destacar são o parágrafo jornalístico, o parágrafo legislativo, o parágrafo em poesia ou o parágrafo em diálogo. O texto jornalístico é versado em estreitas colunas. O texto noticioso segue regras precisas de desenvolvimento. Os parágrafos são muito curtos para que alguns espaços deixem nas colunas zonas de descanso para o olhar. O parágrafo legislativo apresenta parágrafos dentro dos parágrafos: os parágrafos secção e os parágrafos propriamente ditos, dentro dos parágrafos de secção. Em poesia, o parágrafo dá lugar a formatos variados de estrofe. A transcrição de diálogo altera substancialmente as regras de parágrafo, pois a fala de cada interlocutor implica mudança de linha. Cada interlocutor pode desenvolver uma frase ou vários parágrafos.

    (…)
    O parágrafo é um elemento linguístico como a frase e a oração, mas mais longo. Cada parágrafo no texto tem um papel a desempenhar na variedade linguística. Diversos tipos de frase e diferentes comprimentos de frase reflectir-se-ão na pontuação utilizada. Ao comparar o parágrafo expositivo, comercial, jornalístico, poético e diálogo, verificamos como o texto influencia o tipo de parágrafo. Variam os sinais que marcam o parágrafo e varia a pontuação dentro do parágrafo.

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    4. pontuação e parágrafo

    Lewis(4)(1894) começa a história do parágrafo com os Gregos. Pode dizer-se que o parágrafo foi o primeiro sinal de pontuação. Em manuscritos gregos, no entanto, o parágrafo era algo bem diferente daquilo que é hoje, (…). Nos seus primórdios, o parágrafo foi um traço horizontal que marcava o fim de uma secção de texto de uma frase ou mais. Esse sinal foi chamado para graphos, "escrito à margem" na sua etimologia. (…)

    Hoje, parágrafo é um sinal de pontuação marcado por linha em branco a seguir ao fim da frase final e marcação do início da frase a uns espaços da margem. Abarca um segmento de texto de uma ou mais frases. Semanticamente, um parágrafo desenvolve uma ideia ou tópico.

    Conforme o texto em que se insere, o parágrafo apresenta diferente características. O parágrafo do texto expositivo, uma designação um tanto lata que inclui o texto informativo, didáctico e até argumentativo, é o mais estudado. Considera-se que o parágrafo do texto expositivo contém uma frase tópico que funciona como o concentrado de todo o parágrafo. Por vezes, contém também uma frase de transição do parágrafo anterior ou/e para o parágrafo seguinte. O parágrafo é um segmento de texto com princípio, meio e fim. (…)

    (…)
    Outros tipos de parágrafo a destacar são o parágrafo jornalístico, o parágrafo legislativo, o parágrafo em poesia ou o parágrafo em diálogo. O texto jornalístico é versado em estreitas colunas. O texto noticioso segue regras precisas de desenvolvimento. Os parágrafos são muito curtos para que alguns espaços deixem nas colunas zonas de descanso para o olhar. O parágrafo legislativo apresenta parágrafos dentro dos parágrafos: os parágrafos secção e os parágrafos propriamente ditos, dentro dos parágrafos de secção. Em poesia, o parágrafo dá lugar a formatos variados de estrofe. A transcrição de diálogo altera substancialmente as regras de parágrafo, pois a fala de cada interlocutor implica mudança de linha. Cada interlocutor pode desenvolver uma frase ou vários parágrafos.

    (…)
    O parágrafo é um elemento linguístico como a frase e a oração, mas mais longo. Cada parágrafo no texto tem um papel a desempenhar na variedade linguística. Diversos tipos de frase e diferentes comprimentos de frase reflectir-se-ão na pontuação utilizada. Ao comparar o parágrafo expositivo, comercial, jornalístico, poético e diálogo, verificamos como o texto influencia o tipo de parágrafo. Variam os sinais que marcam o parágrafo e varia a pontuação dentro do parágrafo.

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    5. pontuação e frase

    A frase é a unidade linguística mais estudada. É preferenciada pelos especialistas de sintaxe como a unidade linguística mais significativa para o estudo as língua. E, de facto, a maior parte das regras de pontuação referenciam a frase na sua enunciação. Sendo a frase uma unidade intermédia entre o parágrafo e a oração, relaciona-se com uma e outra de forma sistemática, estabelecendo-se uma hierarquia linguística que permite a distinção entre pontuação interfrásica e pontuação intrafrásica.

    Para efeitos de pontuação, a frase é um conjunto de palavras que termina com um ponto final, um ponto de exclamação, ou um ponto de interrogação. A frase é uma unidade tão importante que existe mesmo sinal de pontuação especial para concluir uma frase incompleta, as reticências, ou interromper uma frase, o travessão ou as reticências. Existe um mecanismo de pontuação para juntar frases coordenadas, o ponto e vírgulas, tratando essas unidades estruturalmente frases, como orações. O mesmo processo ocorre em casos de recursividade. Quando uma frase abarca em si outra frase, o elo entre as duas é marcado por dois pontos, e a frase passa a ter estatuto de oração.

    A pontuação interfrásica diz respeito às relações entre frases dentro do parágrafo ou a relações imprecisas conforme o tipo de texto. Inclui-se neste grupo a pontuação de fim de frase: ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação e reticências. A pontuação interfrásica é a pontuação que actua dentro da frase. É a maior parte dos sinais de pontuação: dois pontos, ponto e vírgula, travessão, e outros. De todos estes sinais de pontuação só os dois pontos e o ponto e vírgula podem servir de limite de oração. Isto é, só por si funcionam como elementos de coordenação de unidades, estruturalmente frases, que se transformam em orações pelo simples facto de serem unidas por dois pontos ou ponto e vírgula em vez de um sinal de fim de frase.

    1. A Sofia adora ballet; a Rosalina prefere ginástica rítmica.
    2. Desde pequeno o Francisco tinha uma ideia bem clara na sua mente: queria ser médico como o pai.
    A coordenação, no entanto, não é unicamente estabelecida pelo sinal de pontuação. Haverá entre as duas orações uma ligação semântica. No caso do ponto e vírgula, é uma espécie de casamento ou associação de ideias; no caso dos dois pontos, é uma relação mãe e filha, pois uma oração decorre da outra. Linguisticamente chamar-se-á à função do ponto e vírgula uma relação copulativa e à função dos dois pontos uma relação recursiva.

    A vírgula e o travessão incluem-se na pontuação interfrásica. Podem ter funções de ligação de orações ou partes de oração. Para separar orações coordenadas não o faz por si só, como o ponto e vírgula ou os dois pontos. Serve de apoio a um conjunção coordenativa.

    3. D. João I foi o primeiro rei da segunda dinastia, e D. João IV foi o primeiro rei da quarta dinastia.
    A vírgula separa também orações subordinadas da oração principal. No entanto, é necessário que confluam as seguintes ocorrências:
    a. uma determinada relação semântica exista entre as duas orações;
    b. uma conjunção subordinativa ligue as duas orações;
    c. a oração subordinada a oração principal
    A vírgula remata esta confluência de ocorrências.
    4. Quando se aplica o computador na resolução dos problemas humanos, a vida torna-se mais fácil.

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    6. pontuação e oração

    Dentro da oração, os sinais de pontuação mais importantes são o travessão, as reticências e a vírgula. O travessão e as reticências marcam as interrupções ou passagens bruscas de uma ideia a outra. A vírgula acarreta consigo uma vasta gama de possibilidades de expressão (…)

    Existem dois grupos de orações: as independentes e as dependentes. As orações dependentes relacionam-se com outras orações na frase, segundo variados tipos de dependência que incluem a coordenação - um sistema de interdependência, e a subordinação - um sistema em que existe uma ideia (oração) principal da qual dependem as outras orações que constituem a frase.

    (…) temos em conta elementos da oração dentro da oração independente. (…) os diversos elementos estão ligados de maneira coesa, sintacticamente. Por isso não se separa o sujeito do predicado, nem o predicado do complemento directo, ou outros elementos fundamentais da oração por vírgula, excepto no caso de elementos intercalados ou enumerações.

    (…) No exemplo seguinte é necessária uma vírgula para envolver algo que foi acrescentado à oração, uma oração relativa explicativa.

    Ex.: O João, que foi convidado à última da hora, vem à festa.

    Outro exemplo de acrescentamento é o aposto.

    Ex.: O João, o rapaz mais alto da nossa secção, vem também à festa.

    A vírgula usa-se também dentro da oração para separar diversos elementos de uma enumeração de mais de dois elementos, quer esses elementos sejam sujeito, predicado ou outros.
    Ex.: O João, a Xana e a Lili vão a Haia.
    Nesta frase, a vírgula separa vários elementos do sujeito. No exemplo seguinte, separa os vários elementos do predicado.
    Ex.: O Luís chegou, despiu o casaco e sentou-se no sofá da sala a ver o correio.
    Em contrapartida, não se separa o predicado do complemento directo.
    Ex.: O Luís comeu o bolo de amêndoa.
    E não se separa o predicado do nome predicativo do sujeito.
    Ex.: A Ana foi eleita presidente da direcção.
    Assim como também não se separa o complemento directo do nome predicativo do complemento directo.
    Ex.: O fotógrafo considerou a Catarina a mais fotogénica do grupo.
    Os complementos circunstanciais podem ser separados dos outros elementos da oração para se distinguirem e para efeitos de ênfase.


    Notas:

    (1) Costa, Maria Rosa. 1994. A Pontuação, Porto Editora, Porto
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    (2) Catach, Nina, ed. 1988. Traverses 43. Centre Georges Pompidou: Paris, p. 33, 38
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    (3) Little, Greta. 1984. 'Punctuation' in Michael Moran and Ronald Lunsford. Research in Composition and Rhetoric. Greenwood Press: Londres, p. 372, 385
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    (4) Sand, George. 1987. Traverses 43. Centre Georges Pompidou: Paris, p. 46
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    (5) Lewis, Edwin. 1894. The History of the English Paragraph. University of Chicago Press: Chicago
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