Numa era pós-colonialista, ouviremos as palavras, durante tantos séculos cristalizadas num só sentido, ditas em relação com a nossa atualidade. A finalidade é confrontar o texto, que tem 500 anos, com o tempo presente e perceber que reverberação estas mesmas palavras terão nos dias de hoje, em particular no Portugal de 2024. Consoante o conteúdo de cada canto, uma atriz interpreta-o num local que retrate a nossa sociedade moderna e, de alguma forma, o nosso país.
No primeiro episódio, que já está disponível e tem uma duração de 43:11, vemos e ouvimos Beatriz Batarda interpretar o Canto I, que termina, na estrofe 106, com
No mar, tanta tormenta a tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Primeiro episódio e fonte da imagem aqui.