Parecer sobre a prova de Português de 12.º ano: Prova 639, 2 de julho de 2021

Parecer sobre o Exame Final Nacional de Português de 12.º ano

Prova 639, 2 de julho de 2021 (1.ª Fase)

O Exame Final Nacional de Português, com o código 639, 1.ª Fase, do ano letivo 2020-2021, é constituído por três grupos e incide sobre quatro dos cinco domínios das Aprendizagens Essenciais de Português: Educação Literária (Grupo I); Leitura e Gramática (Grupo II); Escrita (Grupo III).

O exame está organizado na perspetiva de que os alunos, que viveram o contexto pandémico atual, sejam sujeitos a uma avaliação o mais equitativa possível, prevendo, assim, alguns itens de resposta facultativa, tal como é dito na primeira página: “A prova inclui 10 itens […] cujas respostas contribuem obrigatoriamente para a classificação final. Dos restantes 5 itens da prova, apenas contribuem para a classificação final os 3 itens cujas respostas obtenham melhor pontuação.” Por outro lado, foi atribuída igual cotação a todas as questões dos grupos I e II, contrariando a dupla discriminação implicada na atribuição de cotações mais elevadas a itens mais complexos.

Esta prova é equilibrada, está bem estruturada e cumpre os objetivos dos documentos de referência para o nível a que se destina, o Ensino Secundário, bem como as orientações divulgadas pelo IAVE relativas aos exames. É de referir, contudo, a elevada quantidade de questões de escolha múltipla – 9 itens num total de 15 numa prova de língua talvez seja demasiado.

O Grupo I subdivide-se em três partes (A, B e C). Na Parte A, o questionário incide sobre um poema de Alberto Caeiro e os itens estão enquadrados nas temáticas previstas no Programa e nas Aprendizagens Essenciais. A Parte B apresenta questões que obrigam os estudantes a relacionar dois textos narrativos, a saber, um excerto de Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, e Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, competência prevista nos documentos orientadores. As duas obras fazem parte dos documentos orientadores da disciplina, embora as escolas possam optar por uma ou por outra. As questões privilegiam as capacidades de leitura literária e de interpretação, sendo a questão 4.  particularmente exigente, na medida em que convoca conhecimentos de literatura, especificamente as características que definem o herói romântico, para que, por inferência, elas possam ser identificadas em ambos os excertos. Embora este aspeto seja objeto específico de estudo, a questão solicita uma explicação em relação à forma como uma delas, comum aos dois textos, se manifesta, o que a torna mais complexa. Acresce dizer que o excerto da obra de Garrett se caracteriza por um vocabulário e um universo de referência muito afastados das vivências dos alunos, pelo que a sua interpretação é difícil, sobretudo para aqueles que o leem pela primeira vez. A Parte C consiste na redação de uma breve exposição sobre um conteúdo de Educação Literária, mais especificamente sobre a emergência de uma consciência coletiva na Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, que não oferece dificuldade.

O Grupo II vai ao encontro das expectativas, solicitando competências de leitura e conhecimentos de gramática.

O Grupo III propõe uma reflexão que se enquadra no Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória, na medida em que envolve a capacidade de pensamento crítico e de argumentação a favor da tomada de posição do aluno, sobre um tema relevante no contexto atual: a valorização das artes, como dimensão fundamental de uma formação de base humanista.

Consultar a prova (versão 1) aqui e (versão 2) aqui.

Aceder aqui aos critérios gerais de classificação.

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Sobre a prova 639 foi igualmente apresentado um comentário no Programa Páginas de Português, da Antena 2, que pode ser consultado aqui.

A direção da APP

Lisboa, 3  de julho de 2021