A professora Annabela Rita, da Universidade de Lisboa & Centro de Estudos Globais, da Universidade Aberta, vai proferir, no dia 4 de julho, às 9h30, a conferência
«Cânone e ensino».
Resumo da sua conferência:
Esta conferência visa perscrutar as íntimas relações entre o Cânone literário, a Cultura, em geral, e o Ensino, em particular.
Emergindo da Cultura, o Cânone reflecte, naturalmente, os ritmos, os movimentos e os sentidos de transformação da Cultura, ainda que sem os plasmar directamente: filtra-os e traveste-os em função do sujeito autoral, da sua inscrição na sociedade e do modo como se quer projectar no futuro, sendo certo que tudo isto se transforma ao longo do tempo na recepção, condicionada que esta está pelas suas circunstâncias e pela distância perceptiva das circunstâncias originais dos textos.
Deste modo, não apenas cada texto é uma “cápsula do tempo” que (des)vela as coordenadas em que foi gerado, como o corpus literário está em permanente metamorfose em torno de pontos luminosos concentracionários mais permanentes, mas que não deixam de ser constelações susceptíveis de alterações. São essas constelações que estabelecem uma mais íntima relação com a identidade cultural.
Por isso, importará, aqui, observar a dimensão pedagógica da emergência do Cânone, lugar em que a Estética e a Cultura dialogam na articulação dos códigos de ambas: é nela e por ela que os textos se tornam verdadeiramente inteligíveis e promovem uma mais plena inteligência do real.
Por isso, também, se optará por um itinerário pela cultura portuguesa e, por extensão, ocidental, percorrendo alguns marcos/lugares desse diálogo onde se observa a dimensão retórica do trabalho criativo e hermenêutico entre tradição e inovação, síntese e sinédoque, palavra e imagem.
Em suma, observaremos como o Cânone emerge de um concerto das artes (Literatura, Arquitectura, Escultura, etc.) historicamente estimulado, pedagogicamente motivado, mas virtualmente desenvolvido.
Por fim, procuraremos corresponder a um dos objectivos enunciados na apresentação do XVI ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS com algumas sugestões para o modo de ensinar Literatura (problematizando essa alegada transitividade).
