VII Conferência Internacional do Plano de Leitura, Gulbenkian, 5 e 6 de novembro de 2015

VII Conferência Internacional do Plano de Leitura
Fundação Calouste Gulbenkian, 5 e 6 de novembro de 2015

A VII Conferência Internacional do Plano de Leitura decorreu nos dias 5 e 6 de novembro de 2015 na Fundação Calouste Gulbenkian.
Nesta última edição, subordinada ao tema “O Valor da Leitura/Leitura dos Valores”, as diversas comunicações tentaram dar conta da eventual eficácia do ato de ler (em casa, na aula, em bibliotecas públicas e escolares) com vista à consolidação de valores éticos e morais.
Nas conferências e nos diversos painéis, participaram oradores de diversas áreas profissionais e de conhecimento: professores, economistas, escritores, jornalistas, entre outros.
Foram apresentados projetos, divulgadas opiniões, partilhadas experiências.
Pretendemos, com a síntese possível, dar conta, a quem não pode estar presente, de ideias e iniciativas experimentadas e, em alguns dos casos avaliadas, bem como de projetos aos quais se pretende dar continuidade.

5/11/2015
Conferência de Adela Cortina
A conferencista Adela Cortina, professora catedrática de Ética na Universidade de Valência, apresentou a comunicação «Leer el mundo en el linguaje de los valores».
Partindo da distinção factos/valores, a docente aludiu ao positivismo de Max Weber, como sendo de curta abrangência, no que diz respeito à cultura e à educação.
A título ilustrativo , referiu o romance de Charles Dickens, Tempos Difíceis, ficção (que se vem a revelar gorada na obra), na qual se tenta educar de acordo com o modelo positivista
Referiu ainda que a ideia de valores nos conduz a uma escolha na defesa dos mais importantes.
Neste sentido, há que destacar a existência de valores que todos defendemos através dos tempos e não esquecer que “o cérebro humano é um processador de histórias”.

Cortina apresentou a destrinça calcular e valorizar (i.e; estimar os valores).
Nesse trajeto, destacou a importância dos mitos transmitidos através de relatos diários, bem como da literatura: “não vivemos sem interpretar” – afirmou a conferencista, tendo ainda acrescentado, a propósito do espaço que a economia tem vindo a ocupar no quotidiano: “vivemos mais de contos que de contas” “vivemos mais de metáforas que de factos”.
De acordo com Adela Cortina, os nossos indícios de humanidade , de ética ocidental, residem na Ilíada e na Odisseia. A este propósito, afirmou: “competir, mas consigo mesmo. Não se constrói uma sociedade democrática com medíocres”, tendo acrescentado “é muito perigoso educar para a competição, não o fazendo para a cooperação”.
Ilustrando os conceitos apresentados, que englobam seres adversos e adversários, aludiu à Bíblia, concretamente ao livro de Job e ao monstro Leviatã “caridade, pois o mais débil pode tirar-te a vida”.

A este propósito, destacou ainda modelos literários mais recentes, concretamente, H.G.Wells, A Ilha do Dr. Moreau e Mary Shelley, Frankenstein.
“Acaso não somos humanos?” , questão recorrente no romance de Wells, é universal e articulável com, por exemplo, a conjuntura e a situação dos refugiados.
Destacando a transmissão da ética através da literatura, acrescentou:“o bom cidadão é o que sabe ser livre e não escravo, mas há que conquistar a liberdade com os restantes, somos interdependentes.”
Apresentando, de modo sintético, exemplos de literatura ao serviço da ética, referiu os seguintes títulos e conceitos:
1- Leviatã (livro de Job) – economia política;
2- Sentimentos sociais educar=conectar com os nossos sentimentos (ex: Jane Austen);
3- Kant – fundamentação da metafísica dos costumes “os seres humanos têm dignidade”, ideia fundamental para uma sociedade democrática;
4- Romance que liga mulheres afegãs de diversos estratos sociais na luta comum por uma vida mais digna (ver);
5- Conceito de compaixão: todos somos débeis e vulneráveis, todos necessitamos de ajuda;
Compadecermo-nos com os outros na alegria e na tristeza “alegra-se quando corre tudo bem consigo e mal com os outros?”

A oradora aconselhou o recente título, da autoria de uma portuguesa:

Céu Pires, Ética e Cidadania

Encerrou a conferência, com citações do poeta andaluz António Machado:
“todo o néscio confunde valor com preço”;
“um cínico é o que conhece o preço de todas as coisas e o valor de nenhuma.”.

Painel “Leitura, Educação e Valores”

Guilherme d’Oliveira Martins

Para Oliveira Martins, são três os modelos éticos em literatura : as personagens de Aquiles, Heitor e Ulisses

Aquiles concentra a perfeição da genealogia dos deuses (mesmo que incompleta)

O combate entre Aquiles e Heitor confere à leitura a sua capacidade para a transmissão de exemplos (o bem, o bom, o belo, o justo, o verdadeiro), apresentando os heróis épicos uma paixão temperada pela medida.

Ulisses é retratado na sua condição vulnerável, preso ao mastro do navio durante o canto das sereias.
O orador, a propósito de literatura e valores, concluiu a apresentação citando Karl Popper:
“não sabemos o suficiente para podermos ser intolerantes” .

David Justino

O segundo orador do painel aludiu à arrogância ética e moral de que se apropria a literatura .
A título metafórico e ilustrativo, citou o poeta Luís Augusto Palmeirim, quando afirma «nos poetas, como nas mulheres bonitas, o capricho é a primeira das necessidades morais».

A propósito do papel da literatura na transmissão de valores, afirmou eleger “a literatura que me inquieta, que me põe em causa”, ou seja e regressando a Palmeirim, a literatura dos “caprichos”.

Na opinião de David Justino, o papel social da literatura é o de promover a inquietude, pois é essa mesma inquietude veículo de valores. A este propósito e reportando-se à imprensa de finais do século XIX, referiu serem autores como Camilo, Herculano e Júlio Dinis, mais lidos do que os discursos políticos da época. Através de estudos, tem-se hoje conhecimento que muitos leitores adquiriam jornais da época, a fim de darem continuidade à leitura de textos que, de modo fragmentado, eram publicados em cada número de imprensa.

Ainda defendendo o seu ponto de vista, o da defesa da inquietude gerada pela literatura, o orador aludiu ao escritor John Stuart Mill , para quem o conceito de civilização é desenvolvido através das ideias de “massificação de propriedade e de interrogação”. Tendo consciência de que a oralidade e a imagem se constituem enquanto poderosas concorrentes da escrita, David Justino defendeu a importância da promoção da leitura em contexto didático e, a este propósito, afirmou: “qualquer dia a minha biblioteca, a minha leitura, passam à clandestinidade”.
Em seu entender, a leitura corre o provável risco de se converter em ato clandestino, tendo único valor enquanto ato de transgressão: há que, nas palavras proferidas, valorizar não o que “se tem de ler”, mas o que “valha a pena ler”.
Deste modo, destaca-se o papel da leitura como irreverência e transgressão.

Pilar del Rio

Na abertura da comunicação, a oradora afirmou que , a propósito do tema da conferência, ser Eduardo Lourenço um mestre com quem temos muito a aprender.

Pilar del Rio acrescentou: “todos somos ilhas em movimento, porque, à semelhança de ilhas móveis, nos procuramos mutuamente”.

Tomando como ponto de partida as conclusões saídas do fórum realizado no México sobre saúde e educação, afirmou a oradora:
Devemos ter como orientação os seguintes deveres:
1- cuidar de nós próprios (instrução);
2- partilhar bens e serviços;
3- transformar a nossa realidade;
4- intervir na coisa pública.
“Romper com a indiferença, com o medo e com a resignação deverão ser as linhas orientadoras para qualquer ser humano” – afirmou, tendo ainda acrescentado: “aprendi com Saramago que ninguém é obrigado a ler, mas as sociedades têm o dever de propiciar a leitura”

Painel : “Literatura e Difusão de Valores”

Hélia Correia
A escritora começou por citar Einstein: “se quiserem crianças inteligentes, leiam-lhes contos de fadas; se quiserem crianças ainda mais inteligentes, leiam-lhes ainda mais contos de fadas”.
Hélia Correia posicionou-se contra a dualidade na literatura infantil, tendo apresentado a seguinte dicotomia:
a literatura realista, exemplificada pelos títulos de Enid Blyton, fotografia pobre do que nos rodeia;
Por outro lado, mais destacada no presente, a literatura com um imaginário brutal, a exigir tempo de assimilação, mas não o propiciando , de facto, dado o ritmo atual.
A escritora considerou este segundo tipo de  literatura um deserto sem individuação, com personagens desumanizadas, sem atribuir qualidades humanas ao herói. Trata-se aqui de um protagonista que vive situações e perigo, sem que sofra consequências, à semelhança de desenhos animados nos quais as personagens principais caem de precipícios ou são alvejadas sem que a sua vida seja posta em risco.
Hélia Correia, questionando o conceito de valores transmissíveis através da literatura, apresentou o exemplo de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, obra que não tem valores a transmitir, o que não invalida tratar-se de um texto literário de referência.
Remeteu para o artigo de sua autoria divulgado no jornal Público, intitulado “Com respeito às palavras”.
Manuel Alberto Valente
O orador, conhecido responsável por uma editora, destacou o seu percurso literário, tendo referido o avô, operário especializado, com uma razoável biblioteca com muitos títulos então proibidos, estendendo-se a obra, no tempo, até Alves Redol.
Enquanto jovem, leu , sem orientação de adultos, os títulos existentes na biblioteca pessoal do avô: romances de patologia social (séculos XIX-XX); a biografia do Marquês de Pombal; […].
De acordo com o editor, que salientou não ter qualificações académicas oficiais, cada indivíduo deve seguir o seu percurso de leitura. “Não há leitura, há leituras” – afirmou – o que nos conduz ao conceito de género. Destacou o facto de ter lido, enquanto jovem, todos os títulos de romance policial, publicados na “Coleção Vampiro”. O orador afirmou ter-se tornado leitor compulsivo através da literatura policial, acrescentando “com leitores adolescentes, não deve existir preconceito em relação ao género”.
Destacou os aspetos, em seu entender, mais importantes da leitura: a transmissão de valores humanistas; a aquisição de conhecimento e a viagem.
Ilustrando a importância do último aspeto enunciado, referiu o facto de Emilio Salgari, referência da literatura juvenil da sua geração e de tantas outras, nunca ter saído da vila natal, tendo contribuído para a viagem de muitos jovens através do mundo, levando-os a conhecer “o outro”, ao mesmo tempo que transmitia valores como a coragem e a independência.
Manuel Alberto Valente concluiu a apresentação, afirmando: “a literatura tem de converter os leitores a uma comunidade de sonhadores, transmitindo-lhes valores como o respeito e a aceitação da diferença”.
Ainda a propósito da comunicação do orador, a escritora Hélia Correia salientou pontos divergentes relativamente à opinião de Valente, salientando que a literatura “da brutalidade” não transmite quaisquer valores. Por outro lado, os designados “livros bondosos”, veículos da caridade cristã, não podem, de todo, ser considerados humanistas. Apresentou, a título ilustrativo, o romance infanto-juvenil Heidi.
Por outro lado, destacou o facto de nomes da literatura como Céline, assumidamente fascista, ter sido um grande escritor. De acordo com Hélia Correia, a qualidade da literatura mede-se por outros fatores, não pela transmissão de valores humanistas.
A autora defendeu que a ética não se encontra forçosamente associada à literatura escrita, sendo, muitas das vezes, apreendida sem lições e mesmo através do relato oral.

6/11/15
Painel: “Bibliotecas e transmissão de valores”
Conceição Tomé, bibliotecária do Agrupamento de Escolas Infante D. Henrique, de Viseu
A oradora foi galardoada, em 2012, com o Prémio Literário Maria Rosa Colaço
Apresentou dois projetos levados a cabo no agrupamento onde é professora bibliotecária:
1. Projeto “Ser mais cidadão”
2. Projeto “Ler + o Holocausto”

Sendo o agrupamento frequentado por significativa percentagem de alunos de etnia cigana, o primeiro projeto visou a redução do abandono escolar, verificada em muitos destes alunos que, poucas vezes, permanecem na escola após o 4.º ano .
Pretendeu-se com o projeto, de acordo com a oradora, o respeito pela diversidade cultural, através da ultrapassagem de estereótipos.

O público alvo do primeiro projeto foi composto por 141 alunos de etnia cigana e ainda por diversos tipos de turma: as de percurso diferenciado, as que são formadas por alunos adultos em alfabetização e turmas EFA.

O objetivo foi o seguinte:
– promover literacia e sucesso escolar, através de competências de leitura, de acordo com o título O Rui, de Anabela Carvalho (2010).

As atividades consistiram em:
– sessões regulares de leitura;
– oficina de escrita;
– concurso de leitura;
– atividades de biblioteca;
– atividades com vista à educação intercultural.

 

No tocante à educação intercultural, foram dinamizadas sessões sobre cultura cigana e atividades sobre a celebração da diversidade cultural em biblioteca escolar.
As iniciativas foram concretizadas em articulação com a rede anti-pobreza , destacando-se a atividade “danças do mundo” e “encontrar o outro nos livros”, esta última tendo como orientação o conceito de “leitor intercultural” (Politis, 2003)

O segundo projeto, “Ler + o Holocausto”, foi criado em articulação curricular com diversas disciplinas do 9.º ano.
Partindo de textos literários e não literários sobre a II Guerra Mundial, obedeceu ao seguinte faseamento:
– leitura autónoma sobre a temática;
– exposições inauguradas no dia 27 de janeiro, data em que são evocadas as vítimas do Holocausto
www.alermaisholocausto.weebly.com

As atividades foram norteadas por documentos da UNESCO – a “Declaração Para a Diversidade Cultural” e a “Declaração Para a Biblioteca Multicultural”, tendo constituído importante auxílio o “Fórum da Educação Para a Cidadania” (v.)

A segunda comunicação ficou a cargo de Gaspar Matos , responsável pela Biblioteca Municipal de Sines

O orador referiu atividades e exposições associadas à biblioteca que dirige.

No ano transato, foram apresentadas as iniciativas “Lições do Holocausto […] Aristides de Sousa Mendes” e “Remembering For the Future” .

As iniciativas enquadraram-se no manifesto da UNESCO para as bibliotecas públicas.

Para 2016 encontra-se prevista a atividade “Tenente Seixas: o Schindler da Raia”.

O bibliotecário mencionou ainda as iniciativas apresentadas em anos anteriores:

2012 – Anne Frank – uma história para hoje ;
2013 – Janusk Korzava, reformador do mundo (o nome destacado na exposição pertence a um reputado pedagogo e professor polaco, conhecido pelo trabalho humanitário durante a II Guerra Mundial)
2014 – crianças austríacas em Portugal (exposição cedida pela Caritas, acerca do acolhimento, em Portugal, de 5500 crianças)
2015 – “Salvar Toda Aquela Gente: a ação de Aristides de Sousa Mendes” (o museu virtual de Aristides de Sousa Mendes encontra-se acessível através da internet e dá conta de muitos cidadãos auxiliados pelo cônsul, alguns deles figuras públicas, como é o caso do pintor Salvador Dali).
Esta exposição encontra-se em linha, em centrodeartesdesines.com.pt/, podendo ser impressa e divulgada em escolas e locais públicos.

Relativamente ao Tenente Seixas, figura a homenagear em 2016 na biblioteca, tratou-se de um guarda-fiscal de Barrancos que, em 1936, à revelia do Estado Novo, criou dois campos de refugiados de guerra: um deles com 600 pessoas, outro com 400.
Seixas veio a ser descoberto e condenado a 60 dias de prisão. Mais tarde, foi transferido para Sines, onde acabou por morrer.

Apresentação «Programa “Cidadania Ativa” – Biblioteca de Livros Digitais»

Isabel Alçada (coordenadora do programa) e Pedro Lourtie (Observatório da Língua Portuguesa)

Na parte introdutória, foi esboçada a caracterização do Observatório da Língua Portuguesa, organização não governativa para o desenvolvimento.
Este organismo tem parceria com universidades e associações de países de língua portuguesa.
É ainda responsável pelo projeto apresentado na conferência – o Projeto Livros Digitais, criado em 2013, no âmbito da atividade “Cidadania Ativa”. Esta atividade termina em 2015 e conta com o apoio às organizações não governamentais no que diz respeito a políticas públicas e à empregabilidade juvenil. Em linha, este projeto disponibiliza 15 títulos de literatura infanto-juvenil, destinados a idades compreendidas entre os 5 e os 15 anos. Para além dos livros em formato digital e áudio, a ligação disponibiliza recursos pedagógicos sobre as obras e respetivos temas relacionados com a ética na temática dos nossos tempos.
Esta biblioteca de recursos digitais é de acesso livre.
A temática de cada título encontra-se na respetiva contracapa.
As propostas de atividades para abordagem ao tema encontram-se ainda associadas a cada livro . Os escalões etários contemplados são os seguintes: dos cinco aos sete anos; dos oito aos onze anos e dos doze aos quinze anos.

Caso o projeto encontre condições de continuidade, encontram-se previstas atividades de leitura destinada ao público adulto.

Conferência de Jörg Maas

“Why Europe Needs More Reading? – The European Network EURead”

O orador, de nacionalidade alemã, é professor de Filosofia, Ciências Sociais, Filologia Românica e Alemão.
É coordenador europeu da Fundação Bil Gates e da EuRead , fundação para a leitura.
Começou por referir que a EuRead se trata de uma iniciativa não estatal, ao contrário do PNL português.

Colocando a questão que dá título à sua comunicação “por que precisa a Europa de leitura?” ,salientou o facto de, ao contrário do verificado em Portugal, poucos países criaram iniciativas semelhantes ao PNL. Destacou o mérito da iniciativa em prol da melhoria de competências leitoras o que, sem dúvida, virá a ter impacto económico.

O relatório europeu, intitulado “Why Europeans cannot read &write?” dá conta da verba acumulada, caso todos os cidadãos soubessem ler e escrever. Através do cruzamento de diversos dados, a verba poupada anualmente aproxima-se dos 235 biliões de euros, o que excede o orçamento de estado anual do nosso país.
Apresentando números, Maas indicou que no continente europeu, cerca de 73 milhões de habitantes não leem nem escrevem; 12,8% desistem da escola e destes, um em cada cinco não conseguem ler. Estes dados contribuem para um decréscimo de 30% de profissionais especializados.

A rede EURead, criada há 10 anos, tem como finalidade a aprendizagem da leitura por parte de todos os cidadãos europeus.
De acordo com esta rede, é prioritária a criação de uma agenda para a leitura com vista à integração, educação, prosseguimento e valorização dos estudos.
O investimento nos seis primeiros anos de escola surge como prioritário, criando a fundação, com vista a esta medida, programas e campanhas.

Na consecução de tal ideia, o conferencista referiu iniciativas levadas a cabo na Alemanha, onde 14% dos habitantes, muitos nascidos no país, não leem nem escrevem . Algumas das atividades são concretizadas no “Dia Alemão da Leitura”.
Na data, muitas figuras públicas vão a estabelecimentos de ensino ler para as crianças e jovens. No ano de 2014, realizaram-se, neste âmbito, 11.000 iniciativas, tendo as mesmas contado com mais de 2,5 milhões de ouvintes.

Referiu o orador que a medida “não se trata unicamente de ler em voz alta, mas de dar um sinal à sociedade”.

Outras atividades de promoção da leitura têm sido concretizadas no “Dia Mundial do Livro”, data definida pela UNESCO e que é celebrada a 23 de abril.

No ano de 2015, na Alemanha, foram distribuídos gratuitamente 1,1 milhão de histórias destinadas a crianças e adultos.

A concretização da iniciativa passou pela distribuição gratuita de livros com qualidade literária através de cadeias de supermercados e restaurantes e ainda da distribuição de talões de desconto significativo aos alunos das escolas, a fim de se deslocarem às livrarias aderentes mais próximas.

O facto de cadeias de restaurantes como o “Mc Donald’s” distribuírem, com as “happy meal” livros infantis, pretende incentivar os pais a lerem contos aos mais jovens.

Surpreendentemente, este tipo de estabelecimentos comerciais distribuem livros bem escritos e interessantes, destinados à infância.

Como conclusão deste encontro PNL, poderemos afirmar que foram diversos os pontos de vista e a área de formação dos oradores. Os projetos apresentados demonstraram ser viáveis de aplicar na prática docente , em estabelecimentos de características diversas e para vários níveis de escolaridade.

As iniciativas desenvolvidas em espaços diversos – bibliotecas, livrarias, estabelecimentos comerciais – afiguram-se importantes para a melhoria das competências leitoras, bem como os recursos digitais que foram apresentados e se encontram ao simples alcance de todos.

Associação de Professores de Português

Lisboa, 10 de novembro de 2015