A APP no Festival FOLIO

O FOLIO, Festival Literário Internacional de Óbidos, decorre de 12 a 22 de outubro na cidade que recebeu da UNESCO, em 2015, a chancela de Cidade Literária, e que integra a Rede de Cidades Criativas. O FOLIO é um convite ao risco, e esse é o grande tema deste ano, organizado tematicamente em FOLIO Mais, FOLIO Autores, FOLIO Educa, FOLIO Ilustra, FOLIO BD e FOLIO Boémia. E é no âmbito do Seminário Internacional: Oficinas, integrado na programação da FOLIO Educa, que, no dia 14 de outubro, pelas 14h30, João Pedro Aido, vice-presidente da APP, dinamizou uma oficina de escrita criativa para o ensino básico e secundário, no Museu Municipal. As inscrições realizaram-se no próprio dia e local.

A edição de 2023 do Festival Literário homenageia José Pinho, livreiro, administrador da Ler Devagar, um dos fundadores do projeto Óbidos Vila Literária e do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, e uma força da natureza.

Em 2023, na oitava edição do FOLIO, e na fase mais desafiadora que a Ler Devagar atravessa, o FOLIO Mais prima por ‘manter vivo o compromisso com os aliados da literatura, com os parceiros de sempre e com os novos leitores, promovendo a mostra da pluralidade da Vila Literária. À semelhança das edições anteriores, os editores, as fundações, as universidades, as associações culturais, os artistas e pensadores têm na programação do FOLIO Mais a possibilidade de mostrar ao público do festival todas as formas que a literatura pode tomar, as identidades que adota e os muitos meios que influencia’.

A FOLIO Autores, como sempre, ‘vai refletir e gerar desconforto. Este ano, será analisada a centralidade do risco nas ideias e na política. Para tal, voltaram a convidar romancistas, poetas, contistas, ensaístas e historiadores com diferentes perspetivas e opiniões.

Vai-se falar da família como fator de risco e porto de abrigo, de vidas de risco, da incerteza, do inacabado e do desejo, em especial quando realizado. Discutir-se-ão grandes e pequenos riscos, a guerra, o futuro, a memória e a dificuldade de manter a coerência. Abordar-se-á a perda do pensamento crítico e o silenciamento da crítica. A instrumentalização da cultura, que, uma vez capturada como justificação da ação política, deixa o seu plano superior e passa a ser instrumentalizada. Discutir-se-á, em especial, o populismo e o perigo atual que ele representa para as nossas democracias’.

A FOLIO Educa, que tem uma programação imensa e intensa, acredita que ‘são os livros que nos deixam entrar dentro de nós, o lugar onde vivem as crianças que fomos e os velhos que não queremos ser. Raramente nos encontramos com quem somos.

Esses são demasiado importantes para nos receber. São os livros que nos mudam o tempo, que nos fazem dar passos atrás, correr desenfreadamente para o que está por chegar, ou simplesmente encontrar um novo dia que acabou de nascer. Só isto já bastaria para que nunca acabassem os livros’.

Joana Bértholo, curadora da FOLIO Ilustra, defende que “atravessamos um momento singular, acelerado e climático (de clímax, mas também de clima) em que parece ser cada vez mais arriscado ler devagar. Certas práticas de leitura estão em perigo; ser bibliotecário ou livreiro é uma aventura; e as pequenas livrarias para sobreviverem dão por si em lutas de bastidores contra monopólios mastodônticos e os seus impérios de algoritmos. Que Bestas são estas à solta no ecossistema dos livros? Assumindo que tememos sobretudo o desconhecido ou o que não entendemos, convocámos a fauna literária em peso: dos seres menores (…) aos mais corpulentos, aqui se reúne um Bestiário Literário.

Avança, pé ante pé, sala a sala, página a página, na cadência do teu fogo e fôlego, ciente dos perigos. Aqui estás seguro, estás segura: podes avançar.”

Na FOLIO BD, encontramos uma ‘seleção de um grupo de artistas, entre veteranos e novos valores, que precisamente colocam em ação as potencialidades do desenho, da narrativa visual, da expressão gráfica ao serviço do ensaio, da autobiografia, do desenho de campo, da exploração da memória, do gesto de resistência, da refabricação das tradições ou até de identidades.

Os trabalhos de Amanda Baeza, Daniela Viçoso, Dora Sidorenko, João Sequeira, José Feitor, Marco Mendes, Matilde Feitor, Ricardo Baptista, Rita Mota e Sofia Belém providenciam diálogos cambiantes através de textos de uma magnífica diversidade de assinaturas e expressões, que convidam a estimulantes leituras e entendimentos da banda desenhada e outros modos de narrativa gráfica’.

O desafio da FOLIO Boémia é ‘risca e arrisca em tudo. Desafia-te a desenhar as tuas ideias e rabiscar o que te inquieta. Reescreve a tua linha do tempo e torna-a numa experiência de tempos. Espraia-te nos ritmos das músicas e embebeda-te nas palavras sonorizadas. Descobre as entrelinhas nos lugares dos outros… e consome devagar cada momento.’

Precisamente, porque, como defendia José Pinho, tudo o que é bom é feito devagar.

 

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