Citação da semana – 18.abr.25

Citação da semana – Mario Vargas Llosa

«Mas o que faz com que, aos 84 anos, se levante de manhã com vontade de escrever?

A vocação é uma coisa misteriosa. É querer expressar-se através da literatura — a escrever e a ler. A leitura para mim é absolutamente fundamental. Não teria conseguido escrever a maioria dos meus livros se não tivesse sido estimulado pelas leituras. Ler continua a ser o prazer supremo, o que mais gosto de fazer, o que mais me diverte e o que me empurra a ter a disciplina sem a qual não poderia ser um escritor.

E o que são essas leituras? O que lê Mario Vargas Llosa?

Literatura, filosofia, ensaios. Leio muita poesia e releio muitos autores que para mim foram paradigmáticos, como Cervantes, Tolstoi, Dostoievski, Malraux. Leio muitos contemporâneos e tenho uma grande admiração por Faulkner — é o grande escritor do nosso tempo, que ninguém ainda conseguiu superar e aquele que seguramente melhor aproveitou as lições de James Joyce. Acho que Faulkner foi melhor romancista do que Joyce, mas nunca teria conseguido escrever a saga de Yoknapatawpha sem ter lido Joyce. Ele disse-o num texto que redigiu depois de ler o Ulisses: Joyce ultrapassou tudo o que é imaginável, mas não é um grande romancista. É um técnico. Faulkner aproveitou essas técnicas extraordinárias — e que transformaram a literatura — melhor do que o próprio Joyce.»

 

Mario Vargas Llosa (2025). Mario Vargas Llosa (1936-2025): «A literatura cria cidadãos críticos, que não se deixam manipular», disse ao Expresso em 2020. Expresso em linha, 14 de abril de 2025.

 

 

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