«A importância do local onde se cresce [é] ilustrada com um exemplo dos próprios autores, que compara dois bairros de Los Angeles separados por escassos 3,7 quilómetros: Watts e Compton. Assim, um homem negro, crescido em Watts, cujos pais estavam no percentil 25 da distribuição do rendimento, isto é, que tinham 25% das famílias com rendimentos abaixo dos seus, atinge um rendimento de 73.00 dólares. Um homem nas mesmas circunstâncias que tenha crescido no vizinho Compton tem quase o triplo do rendimento anual, em média. Focando nas pessoas cuja família de origem vivia em pobreza extrema – os 1% mais pobres –, os autores mostram que 44,1% dos homens negros que cresceram em Watts estavam detidos no dia 1 de abril de 2010, o que contrasta com 6,2% de homens semelhantes no bairro vizinho. Os mapas disponíveis no site mostram variações desta ordem de grandeza em muitos quarteirões vizinhos.
Graças ao trabalho pioneiro destes autores e à riqueza dos dados que utilizam, aprendemos muito acerca da importância do lugar onde se nasce e cresce. Sabemos que os bairros com taxas de pobreza mais elevadas oferecem menores possibilidades de mobilidade social a quem neles cresce. Sabemos que há uma idade limite, por volta dos 13 anos, a partir da qual a mudança para um bairro com menor percentagem de pobres e com maior diversidade étnica já não tem impacto, em média, no nível de educação, no rendimento, ou nos comportamentos que aquele jovem vai ter quando chegar a adulto.»
Susana Peralta (2024). Um quarteirão pode fazer toda a diferença. Público em linha em 25 de outubro de 2024.
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