«Não sendo novo, o fenómeno da falta de professores é global e preocupante, relacionando-se com as questões da motivação, do recrutamento, da retenção, da formação, das condições de trabalho e de estatuto social (UNESCO, 2022). Ao nível internacional, a UNESCO fez “soar o alarme sobre a crise global da falta de professores”, sublinhando que serão precisos 69 milhões de professores para atingir a educação básica universal até 2030 (UNESCO, 2022). Nos EUA, Darling-Hammond, DiNapoli e Kini (2023), com base em dados do Departamento de Educação, sinalizam que todos os 50 estados reportaram falta de professores em mais do que uma área no ano letivo de 2022/2023, nomeadamente nas ciências, na matemática e na educação especial. Trata-se de um fenómeno que atinge 35 sistemas europeus (embora cada um apresente especificidades próprias), de acordo com um relatório recente que destaca a “crise vocacional” (Comissão Europeia/EACEA/Eurydice, 2021), nomeadamente na área das ciências, da tecnologia, da matemática e das línguas estrangeiras, que afeta a profissão docente e que é visível na dificuldade em atrair novos professores e no abandono dos que já exercem a profissão.»
CNE, Recomendação n.º 3/2024, 2.4.2024, p. 1.
Nesta recomendação pode ler-se ainda, nas pp. 1-2, que
«Portugal não é exceção, enfrentando, atualmente, uma realidade muito preocupante. Os dados oficiais ilustram bem a dimensão do problema: de acordo com o estudo de diagnóstico de necessidades docentes, realizado por Nunes et al. (2021) e divulgado pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, em 2021, será necessário recrutar, em média, 3450 novos docentes por ano até 2030/2031. De acordo como a mesma fonte, as necessidades cumulativas de recrutamento nesse período serão de 34 508 novos docentes, um valor que corresponde a 29% do número de docentes que estavam em exercício de funções em 2018/2019. O mesmo estudo refere ainda que, em termos absolutos, a Área Metropolitana de Lisboa e a Área Metropolitana do Porto são as regiões que apresentam uma maior necessidade de recrutamento, de 9265 e 5275 novos docentes até 2030/2031, respetivamente. Também o relatório TALIS 2018 já apontava para o envelhecimento do corpo docente em Portugal, assinalando uma “mudança dramática” quanto ao número de professores com 50 ou mais anos de idade: de 28% no TALIS 2013 para 47% no TALIS 2018 (contra 34% da média da OCDE), reiterando a necessidade de recrutar novos profissionais (OCDE, 2019).»
No âmbito deste tema, o presidente da direção da Associação de Professores de Português participou no Fórum TSF sobre «Falta de professores, uma “situação de emergência nacional”». A sua participação pode ser ouvida aqui, entre 1:07:50 e 1:15:40.
Referências bibliográficas:
Darling-Hammond, L., DiNapoli, M., Jr., & Kini, T. (2023). The federal role in ending teacher shortages. Learning Policy Institute.
Nunes, L.C., Reis, A. B., Freitas, P., Nunes, M. & Gabriel, J. M. (2021). Estudo de diagnóstico de necessidades docentes de 2021 a 2030. DGEEC.
UNESCO (2022). Global report on teachers. Addressing teacher shortages. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.
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