Conclusões do 12.º ENAPP

CONCLUSÕES

Ao longo de dois dias de encontro, é de destacar a diversidade de comunicações apresentadas,  inseridas  em projetos de investigação/ação, bem como  em práticas associadas à  didática da língua e da literatura.

Foram tratadas questões atuais em educação, com destaque para o perfil do aluno e para as aprendizagens essenciais, mudanças que também contam com o nosso contributo enquanto associação de professores . Presidindo à elaboração dos documentos, destacamos  a valorização de uma cultura humanista,  foco de atenção coletiva por parte de toda a equipa de trabalho.

Comemorámos o 40.º aniversário da APP percorrendo histórias e memórias de colegas que, nos primeiros tempos  da associação, integraram os corpos sociais.

Das vivências partilhadas, destacamos fragmentos como “até nós chegaram professores de todo o país, ilhas incluídas”; “percorremos todas as terrinhas”; “foram espaços e tempos que contaram com a dedicação de muitos”.

Na conferência de abertura, intitulada “A cultura literária e os programas de Português: velhas palavras e novos desafios”  foi salientado o eventual obstáculo criado, em pleno século XXI, pela reintrodução de um cânone literário recuperado de tempos distantes: o alargamento vocabular, o contexto das obras e a relação da literatura com outras formas de arte foram possíveis percursos apontados. Foi destacada do currículo a disciplina de Português, por ser através dela que os alunos aprendem a interpretar.

Através de uma “Insustentável Leveza do Ler”, Regina Duarte destacou alguns dos “pesos” a retirar da leitura e do ensino da literatura : Portugal , aspeto referido nesta conferência – é o único país ocidental com um cânone destinado ao 1.º ciclo. “Há que ler literatura e não excertos, ter livros dentro da sala de aula, quebrar a relação de sacralidade que temos com a leitura. Devemos ainda ter presente que a escola não pode resolver todos os problemas da sociedade”.

Isabel Alçada, escritora, e Teresa Calçada, comissária  do Plano Nacional de Leitura, enfatizaram a importância de, na infância, o apelo da leitura se dever caracterizar por uma margem de liberdade: a imposição  de títulos e de obras pode afastar as crianças e os  jovens do gosto pelo hábito de ler.

O secretário de estado João Costa lembrou aos participantes do encontro qual o ponto de partida que conduziu à necessidade da definição de aprendizagens essenciais  : o questionário aplicado a uma amostragem significativa de docentes convergiu para a conclusão  de que programa e metas, pela respetiva extensão, tornam complexa a tarefa de ensinar. O  apelo significativo à memorização, procedimento que, após estudos, vem a comprovar que a ênfase colocada em tal prática, a par de uma listagem extensa de conteúdos, acaba por resultar em rápido esquecimento dos conceitos trabalhados em contexto escolar.

Muitos foram os que tornaram possível este 12.º ENAPP contribuindo para a participação ativa de todos os intervenientes.

Lisboa, 12 de abril de 2017