Destaques do Ciberdúvidas – 19.9.25

O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa responde a questões e presta informações a todos os que querem saber sempre mais sobre a língua portuguesa – o idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Esta semana destacamos três «Artigos», a rubrica «Consultório, a rubrica «O Ciberdúvidas Vai às Escolas» e a rubrica «Ciberdúvidas Responde.

Na rubrica Artigos, destacamos três textos:

i. Um artigo, de Carlos Rocha, sobre «Trema! Uma história difícil para a cidadania». O artigo, que pode ser lido aqui, destaca «Um episódio da atual vida política portuguesa [que] recuperou do esquecimento um sinal gráfico que há muito não se usa em Portugal: o trema, também conhecido como «sinal de diérese».

Um excerto:

«A 1.ª edição do Dicionário Houaiss, de 2001, dava um pouco mais de informação sobre o destino deste diacrítico: «a) na ortografia oficial do português de Portugal, esse sinal diacrítico foi abolido a partir de 1 de janeiro de 1946 b) na ortografia oficial do português do Brasil, [usava-se] tão-somente sobre o u, dos dígrafos gu e qu, nos vocábulos em que essa letra, seguida de e ou i, é proferida: agüentar, cagüira, eloqüente, eqüidade, qüinqüenérveo c) no passado, em ambas as ortografias, usou-se também o trema sobre o I e o uátonos, quando não formavam ditongo com a vogal que os precedia (diérese): saüdar, improficuïdade, viüvez, hebraïzar, etc.» Entretanto, em edições mais recentes do dicionário brasileiro (versão em linha), revela-se que «[n]o português, com o Acordo Ortográfico de 1990, o trema passou a ser empregado apenas em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros (p.ex., mülleriano, a partir de J. Fritz T. Müller; hübnerita, a partir de Adolf Hübner).’

ii. Um artigo, de Inês Gama, sobre o «Alguns dos desafios da sala de aula moderna. Entre o progresso e a pressão», que pode ser consultado nesta hiperligação e onde se lê que

«Outro desafio atual das salas de aula é a sua crescente diversidade. Estudantes com diferentes origens sociais, línguas maternas, capacidades cognitivas e estilos de aprendizagem partilham o mesmo espaço educativo. Esta diversidade, embora enriquecedora, apresenta exigências significativas para os professores, que devem garantir que todos os alunos recebam o suporte necessário para alcançar o seu potencial.

A existência de diferentes ritmos de aprendizagem, preferências por métodos diversos e variações nas motivações para aprender exige dos docentes flexibilidade e capacidade de planear atividades que respondam às necessidades das suas turmas. Contudo, o sistema de ensino ainda funciona, na maioria dos casos, como se todos os alunos fossem iguais — com currículos rígidos, métodos pouco inclusivos e avaliações padronizadas que ignoram as diferenças e perpetuam desigualdades.»

iii. Um artigo, também de Inês Gama, sobre o significado da palavra «pródigo», que serve para descrever aquele que dissipa a sua fortuna ou a compromete devido a gastos supérfluos. Artigo aqui.

 

 

Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, três questões:

i. Sobre o «predicativo do complemento oblíquo», em construções como «Fiz do recreio uma festa.» ou «A idade fez do António uma pessoa mais ponderada.»

A resposta mostra que «esta será uma possibilidade que exige mais estudo e que não se adequa a uma abordagem escolar por não estar prevista.», dado que «gramáticas como a de Cunha e Cintra não preveem a construção de verbos transitivo-predicativos com complementos oblíquos».

O desenvolvimento dos argumentos pode ser lido neste artigo.

ii. Sobre o «complemento do adjetivo e pronome lhe», em construções como «Este encontro entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido, tem sido um desafio.»

A resposta pode ser lida neste linque e mostra que o verbo tornar está a ser usado como transitivo-predicativo, daí que «os constituintes que o acompanham têm, respetivamente, a função de complemento direto («Camões») e de predicativo do complemento direto («acessível a todos»).»

iii. Sobre «A palavra crescas num poema galego-português».

O artigo, que se pode ler aqui, defende que «Não se sabe bem o que significa crescas. Há quem diga que se trata de uma forma de crescer, com valor injuntivo (ordem, exortação), outros que vem de um termo medieval (gresca) que significava «bulha, rixa». O que o contexto [«Diz Pacheco: “Alhur, Conde, pede que vos digam: Crescas!”»] permite afirmar é crescas é uma interjeição, quase como que um grito de guerra.

 

 

No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.

Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.

Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt

Esta semana, destacamos o vídeo 36 com a resposta à dúvida colocada por um estudante da Escola Secundária Nossa Senhora da Hora, Porto:

A expressão «há dez anos atrás» está errada?

A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui.

 

 

Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 41, a resposta à seguinte questão:

Qual a origem de cachimbo?

Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pelo consultor Carlos Rocha, que defende que atualmente se tornou consensual que é uma palavra com origem no quimbundo.

 

 

Fonte da imagem aqui.