Dia mundial da poesia e dia mundial da árvore

21 de março de 2014 Leia poemas, hoje, na APP.

21 de março de 2014

Aproveitamos  o “Dia Mundial da Poesia”, mesmo que, para nós, todos os dias o sejam, para partilhar alguns poemas, aqui e na página da APP  no Facebook.

Dia mundial da poesia  

«Pessoa e eu

De origem incerta
Despertou-se Pessoa em mim.
Entranharam-se-me versos agudos na alma pequena,
Por vezes até cânticos excêntricos de rima sem clareza.

Acordei!
O cérebro começou a trabalhar,
Contudo, parou após notar
Os sentidos doces e frescos das palavras caladas.

Páginas codificadas abriram-me a imaginação;
Os toques requintados de letras inventadas,
Que se tornaram mais brilhantes do que o verão.

Pesar da dor dos versos de Reis,
O prado e a vida que o Mestre criou,
E melancolia e euforia e agonia que Campos retratou.
O pensar e o não pensar e a nostalgia.
Por fim, o fingimento de tudo aquilo que não é fingir,
Que é, na verdade, sentir.»

Joana Ferreira, 12.º ano, Turma C
Escola Secundária de Albufeira, disciplina de Português
– 3.º lugar  no concurso “FAÇA LÁ UM POEMA 2014”,
do Plano Nacional de Leitura

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“O que me faz escrever este poema
não são as coisas: terra céu astros.
A saber: estendo a mão: e
o mundo reconhece-a encontra a

memória onde repousa e se transforma.
Pequena questão de valor cósmico. Insisto:
elo que liga bruma e fumo
felicidade de imagens nome inamistoso.

Não sonho palavra sonho barco.
Imóvel aprendo a não esquecer:
aspecto mineral do corpo
um destino de mica qualquer coisa
que não cessa de bater.”

 João Miguel Fernandes Jorge

“A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?»    E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar?”-

Manuel António Pina

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Dia mundial da árvore  

«Magnólia Adentro»