As crianças destas escolas, para além da língua, aprendem outros aspetos da cultura portuguesa, como o património, a poesia, a música, e as festas tradicionais do nosso país.
Dez anos depois do início do “Plano Portugal”, que visava converter o português na segunda língua estrangeira nas escolas, há 16 escolas interessadas em manter o ensino da língua portuguesa no ano letivo 2019/20 em Badajoz. O ensino do Português chegará a 63 escolas da região no próximo ano letivo, por se verificar um interesse crescente na aprendizagem do português nos diversos níveis de ensino.
Maribel Rodríguez Tejada, que dirige a escola Manuel Pacheco de Suerte de Saavedra desde 2003/04, diz que a aprendizagem da língua portuguesa naquele espaço é feita de forma transversal, para que os alunos tenham consciência que vivem próximo de uma cultura diferente, mas com muito em comum e que deve ser conhecida.
Segundo o diário Hoy, “durante uma hora por semana, todas as turmas de Primária e Infantil recebem aulas de português”. Maribel Tejada sublinha que, mais do que linguística, há uma imersão cultural, uma vez que, em paralelo, os alunos participam em projetos europeus com escolas portuguesas. E existe inclusive um programa de formação de professores em Portugal.
A escola Manuel Pacheco mantém ligações com instituições de ensino da Madeira, do Porto e de Lisboa. Entre os projetos em curso, há, por exemplo, um programa de troca de correspondência entre os alunos dos dois países e a troca de material didático para as aulas. Segundo Maribel, há famílias com ascendência portuguesa, que agradecem a ligação que a escola promove a Portugal.
Além disso, destaca, a aprendizagem da língua também tem benefícios ao nível laboral, pois não é de estranhar que nas entrevistas de emprego peçam o domínio do português para funções de contacto com o público e também há muitos jovens que têm a sua primeira experiência no mercado do lado de cá da fronteira.
No ano transato, Guillermo Fernández Vara, presidente da Junta da Extremadura, revelou que o português como língua estrangeira já é ensinado a “cerca de 20 mil pessoas” na Extremadura, região de Espanha que faz fronteira com o Alentejo e o Centro. De acordo com o autarca, a procura é explicada pelo maior número de saídas laborais que proporciona.