Parecer sobre a prova de Português de 12.º ano: Prova 639, 6 de julho de 2020

Parecer sobre a prova de Português de 12.º ano 

Prova 639, 6 de julho de 2020

 

O Exame Nacional de Português, com o código 639, 1.ª fase, do ano letivo 20-2019-2020, avalia quatro domínios: Educação Literária (Grupo I), Leitura e Gramática (Grupo II) e Escrita (Grupo III). A prova é constituída por cinco itens cujas respostas contribuem obrigatoriamente para a classificação final (domínios da Leitura e da Escrita) e dez itens dos quais contribuem para a classificação final da prova os oito itens cujas respostas obtenham melhor pontuação (domínios da Educação Literária e Gramática).

A prova está bem estruturada, cumprindo o preconizado quer nos documentos de referência para o nível de ensino a que se destina, quer nas orientações divulgadas pelo IAVE, relativas aos exames.

Ainda que a prova seja regida por um grau de dificuldade adequado ao ciclo de estudos em questão, há, no entanto, algumas questões que poderão ter sido objeto de dificuldade acrescida por parte dos alunos:

  • A 1.ª e a 2.ª perguntas do Grupo I – Parte A, de resposta restrita, obrigam a relacionar aspetos de dois romances de Eça de Queirós (Os Maias e A Ilustre Casa de Ramires) e são exigentes em termos de interpretação, implicando leitura inferencial. As duas questões privilegiam a interpretação dos dois excertos apresentados (um de cada romance), implicando a análise comparativa dos mesmos com o estabelecimento de analogias e contrastes entre as duas obras. Este tipo de análise encontra fundamentação nos documentos de referência, de acordo com os quais se dá destaque à importância da leitura crítica, dado as competências leitoras serem necessárias à abordagem de qualquer texto, literário e não literário. A leitura crítica deverá ter sido uma competência adquirida no final da escolaridade obrigatória, sendo fundamental aos discentes para além do contexto escolar e ao longo da vida. Por outro lado, as questões relacionadas com os excertos presentes na prova possibilitam respostas fundamentadas, não implicando a leitura prévia, em sala de aula, de ambos os romances.
  • A 3.ª questão do Grupo I – Parte A, de escolha múltipla, por se basear numa tipologia de apresentação de itens fechada (pouco flexível e maleável), pode limitar a interpretação do texto literário. Para além disso, por focar aspetos específicos do estilo queirosiano nos dois romances, pode implicar a mobilização de conhecimentos que vão para além da informação apresentada nos excertos selecionados (cf. valor do adjetivo anteposto em “negros óculos” e do diminutivo em “novelazinha”).

A mudança de género de texto a produzir no Grupo III, apreciação crítica em vez do habitual texto de opinião, é de saudar, dado que é um dos conteúdos, associado a descritores de desempenho deste ciclo de ensino, que não tem sido avaliado. Ainda assim, dado que, até ao momento, este género de texto não foi ainda objeto de avaliação externa (não estando “formatado” e sendo caracterizado nos documentos curriculares lacunarmente, como “descrição sucinta do objeto, acompanhada de comentário crítico”), sugere-se que os critérios de classificação sejam alvo de cuidado redobrado por parte do IAVE e dos professores classificadores, por forma a não prejudicar os alunos.

Consultar a prova aqui

Aceder aqui aos critérios gerais de classificação.

A direção da APP

Lisboa, 8 de julho de 2020