Prova de aferição do 2º ano de Português e Estudo do Meio (2017)

A prova permite avaliar o desempenho na leitura e na escrita iniciais no contexto da sua utilização escolar como meio de compreensão e de expressão de aprendizagens. Encontra-se num nível de conteúdo explícito com algum trabalho inferencial em algumas questões. A relação entre os dois domínios, o da língua e o do conhecimento que as disciplinas separam artificialmente, é aqui valorizado com sucesso.

Na parte A, faz-se uma prova de compreensão do oral e da leitura. Na primeira, os alunos apreendem conhecimentos sobre leguminosas a partir da audição do registo gravado de um programa de televisão. As questões 1, 2, 3 e 4 testam a mera apreensão oral dos conteúdos. A questão 5 tem a ver com identificação de sons da fala:o som [∫] presente em “chocolate”, “castanha”, “rapaz” e “ameixa”, diferentes fonemas com a mesma realização fonética, que se representa de diferentes maneiras na escrita. Na leitura, as questões reportam-se à compreensão de um cartaz em cujas respostas se exige apenas alguma organização da informação, mas sem ultrapassar o nível da explicitação da informação recebida.

Na parte B, há um texto narrativo a que se colocam questões que exigem  algum nível inferencial nas respostas: assim na questão 11., do facto de que no texto se diz que o pato não tem cauda comprida não se infere que ele a tenha curta, mas tal conclusão pode resultar do mero conhecimento empírico do que é uma ave (pato) e do que é uma cauda. Na pergunta sobre o lugar onde os animais iam brincar, está em jogo a referência da descrição relativa do local, da sua representação num mapa e o valor da anáfora “lá”. Já, a questão 15 envolve a distinção de significados contextuais diferentes para “distante” e “próximo”, ao nível do espaço físico, da biologia e da amizade. Na questão 16, os alunos têm de inferir que a feira encerra ao almoço dada a ausência de horário entre as 12 e as 15.

A gramática está representada com um exercício de classificação de palavras e outro de análise sintática. Neste, a relação entre sujeito e verbo é colocada num exercício  de substituição em que a concordância é a chave para a escolha correta.

Na tarefa de escrita, há um item prévio para organizar a informação de acordo com categorias relativas ao conteúdo do tema (apresentar um animal).

Tenho algumas reservas quanto ao processo de classificação dos testes. Os professores classificadores têm apenas que registar códigos descritivos sem apreenderem a relação entre estes e as apreciações globais ou “notas” que os testes poderão ter. Mesmo que as provas não sirvam para classificação dos alunos, parece-me que a notação e os seus efeitos devem ser totalmente compreendidos por todos os intervenientes, pois o que está sempre em causa uma medida do desempenho dos alunos.