Prova de aferição do 2º ano – Português e Estudo do Meio, 15 de junho de 2018

 

Prova de aferição do 2º ano de Prtuguês e E. do Meio
Prova Áudio Critérios

 

A prova inclui, na parte A, um exercício de compreensão oral, a que se segue a compreensão dum texto informativo. Na parte B, faz-se a leitura duma narrativa literária que conclui num exercício de escrita.

As partes do enunciado estão bem articuladas, nomeadamente a relação entre a leitura do texto e o exercício de escrita que me parece exemplar. A interdisciplinaridade entre Estudo do Meio e Português está bem conseguida nalguns itens, mas, como é previsível, pode tornar-se também fonte de dificuldades que importa analisar.

No texto oral, o diálogo pareceu-nos pouco natural, como se fosse lido e demasiado elaborado no plano sintático, para que o possamos considerar como conversação familiar na praia. É certo que a compreensibilidade do enunciado é um imperativo difícil de conciliar com o discurso quotidiano.

A questão 6. da primeira parte concretiza um equívoco que poderá não causar problemas aos alunos, mas que deveria ser objeto de análise no plano do ensino do português. Trata-se de selecionar uma propriedade essencial do folheto.

Quanto à alternativa B, é evidente que o texto apresenta informações, mas não há texto que não apresente informações, pois isso é uma propriedade essencial de qualquer texto. A progressão temática implica que informação nova é acrescentada frase a frase. Contudo, os alunos não terão dificuldade em selecionar a B quer por exclusão das outras duas, quer por distinguirem textos que narram de textos que apresentam informações sobre assuntos.

Só que estas informações são também descrições colidindo com a alternativa C que se refere a descrição de objetos. Compreendemos que, no contexto de Estudo do Meio, se diferenciem objetos dos materiais com que são elaborados, distinção que os alunos identificarão aqui. Mas, em rigor, um material é também objeto, apesar de não ser descontínuo e não ser apresentado com nomes contáveis. Além disso, referir a origem do material com que um objeto é feito pode ser considerado um traço descritivo. De facto, o texto é feito da descrição de materiais que incluem os processos da sua obtenção e as finalidades da sua utilização.

A alternativa A é de difícil compreensão, pois folhetos que anunciam acontecimentos podem ser anúncios de festas, portanto, textos de carácter injuntivo, que convidam à participação e à inscrição. Quanto a texto narrativo, isto é, referência a sequências de acontecimentos, o verbo “anunciar” parece-nos inadequado.

Uma parte da dificuldade pode estar no própria conteúdo dos tipos de texto com a confusão entre géneros e tipos ideais. Estes são poucos, 5 a 9 consoante o grau de discriminação. O programa refere prudentemente “Textos de características: narrativas, informativas, descritivas”, evitando delimitar tipos estanques.

No DT (Dicionário Terminológico), na entrada “Tipologia textual” apresenta-se a mesma indefinição entre tipo ideal, ou sequência textual e género. Contudo, compreendemos que as categorias se interpenetram e se sobrepõem, ao vermos lado a lado “textos narrativos” e “textos literários”, pois, uma parte importante destes últimos são essencialmente narrativos. Do mesmo modo, podemos considerar que o texto de caraterísticas informativas pode incluir descrição ou narração. Neste caso, predomina a descrição. Numa notícia de jornal, predomina a narração. O que carateriza então o texto informativo? É a transmissão de conhecimento sobre o mundo, tanto em termos de acontecimentos como de assuntos da ciência e da natureza.

Como neste nível de ensino, a tipologia textual não é o foco, mas sim a familiarização com textos de vários tipos, talvez os itens devessem ser mais específicos, por exemplo, na alternativa A, podia haver referência a “histórias”, na C, “informações sobre materiais” (para diferenciar dos objetos). O que importa é ver se o aluno compreendeu a finalidade essencial de um folheto de divulgação científica.

Parecem-nos interessantes, questões de compreensão do texto como “O urso disse aos coelhos «Não tenho nenhum mel.». Porquê?” que evidenciam um trabalho pedagógico que inclui em todos os níveis a compreensão inferencial. A questão 19. também implica algum trabalho inferencial, já que no texto se refere apenas a expressão “até ao dia em que” cujo significado tem de ser comparado com as da questão.

O plano da produção escrita relacionada com o texto permite aos alunos desenvolverem a noção de quais são as partes de que necessariamente se compõe uma história, a partir da concretização duma certa macroproposição, neste caso, a de “fazer uma surpresa”.

Direção da APP, 20 de Junho de 2018