Simpósio SIPLE 2015, “O português em espaços multilingues”, Santiago de Compostela, 16 e 17 de outubro de 2015

Simpósio SIPLE 2015
«O português em espaços multilingues»
Santiago de Compostela, 16 e 17 de outubro de 2015

O simpósio SIPLE (Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira) decorreu nos dias 16 e 17 de outubro de 2015, em Santiago de Compostela, Espanha.
Esta última edição do simpósio, subordinada ao tema «O Português em Espaços Multilingues», reuniu docentes, investigadores e estudantes de vários continentes.
Não foi fortuita a escolha da Galiza para a realização do encontro, pois trata-se de uma região indissociável da língua portuguesa por fatores históricos e literários.

Na abertura do evento, o secretário geral de política linguística da região, Valentín Garcia Gomez, apresentou números relativos ao ensino do português na Galiza: no ano letivo transato foram 700 os alunos de diversas faixas etárias a optar pela disciplina de língua portuguesa; no presente ano, encontram-se matriculados 1841 discentes, o que corresponde a um cresciemento superior a 70%.
Como reforço da aproximação à língua portuguesa, foi ainda destacada a Lei 1/2014, aprovada por unanimidade no parlamento galego. A lei em questão estabelece a promoção do intercâmbio com os países lusófonos.
Espaço simbólico, o selecionado para este simpósio, o “Museo do Pobo Galego” é, de acordo com as palavras de um membro da direção deste local, aquando da abertura do evento “um espaço de lusofonia, extravasando a ligação ao norte de Portugal. Embora a região portuguesa referida se encontre emotivamente ligada ao museu, que é também um centro de cultura e de investigação”. Transcrevendo ainda as palavras deste representante, Xosé Manuel Reboredo, “há que superar fronteiras mentais, agora que as físicas deixaram de existir”.
A presidente da DPG , Associação de Docentes de Português na Galiza, Antia Cortiças Leira, referiu-se, de modo genérico, aos projetos didáticos desenvolvidos na região, com vista à aquisição de competências linguísticas em português.
Salientou o banco de materiais para aprendizagem da língua, presente na página da associação, deixando apelo aos docentes de língua portuguesa que queiram colaborar no projeto.
Endereço eletrónico: http://dpgaliza.org/troca/
A concluir a abertura do encontro, tomou a palavra a presidente da SIPLE, a brasileira Edleise Mendes, tendo referido o facto de se realizar o simpósio, pela primeira vez, fora da América Latina.
A oradora informou que, no próximo ano, a SIPLE completará 25 anos de existência.
A encerrar a comunicação, Edleise Mendes destacou que “o português não é só Portugal e Brasil, sendo importante olhar para o português dos diferentes espaços, mesmo aqueles que, muitas das vezes, estão afastados da memória coletiva.

16/10/2015
A primeira mesa plenária teve como tema “O multilinguismo no século XXI e a língua portuguesa”

Com a primeira apresentação, Paulo Feytor Pinto, da ESE de Setúbal, Portugal, destacando a língua portuguesa, falou em diversidade linguística e globalização .
Salientou o facto de o português ser, no presente, candidato a língua oficial na ONU, situação que deveria ter sido contemplada há muito.
Existindo nove países de língua oficial portuguesa, Feytor Pinto destacou o facto de existirem discrepâncias entre as fontes, sendo o idioma considerado entre o 4.º e o 8.º mais utilizado no mundo. De acordo com o orador, o século XXI exige uma hierarquização diversa das línguas, devendo estas ser das interações e não das nações.
Foram apresentadas variadas fontes de informação, no que diz respeito à hierarquização do português, destacando-se o barómetro de Calvet de 2012, concretamente no tocante aos índices de tradução de uma língua para outras.
Com menção ao relatório “Línguas Para o Futuro” do British Council e a visar o Reino Unido, foi salientado o facto de aludir o mesmo ao potencial das línguas, mais expressivo do que o número de falantes.
Os fatores determinantes desse potencial (o British Council organiza-os para a língua inglesa) são os seguintes, por ordem de importância: índice de exportações; volume de negócios internacionais; expressividade no comércio; potencialidades de um crescimento emergente; relevância na diplomacia e segurança; referência através da opinião pública; destaque turístico; iniciativas no âmbito da educação; situações de difusão da língua; utilização da língua na internet.
Um estudo de 2014 da instituição universitária MIT e divulgado na internet, partindo da contabilização de traduções da UNESCO para português, faz referência ao peso da utilização dos idiomas no ciberespaço, destacando os cerca de dois milhões de trabalhos traduzidos para o nosso idioma.
Aludindo aos PALOP, o orador salientou a ideia ilusória de contabilizarmos como falantes da nossa língua os habitantes, tendo referido como exceção S. Tomé e Príncipe, o único deste conjunto de países que tem o português como língua materna em situação maioritária.
Ainda a este propósito, foi apresentada para reflexão a questão das línguas africanas com as quais o português convive e que não devem ser relegadas ao esquecimento, devendo, para tal, serem criados dicionários e gramáticas.
O segundo orador desta mesa, Gilvan Müller de Oliveira, da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, começou por destrinçar os conceitos de multilinguismo e de plurilinguismo, este último proativo em relação ao primeiro, prendendo-se ainda com a forma como um estado representa a sua população e como elabora os projetos políticos.
Tendo apresentado a questão “Como têm diferentes estados de gerir um língua”, apresentou as definições de “língua adicional” e de “língua oficial”, encontrando-se a primeira sujeita às forças de mercado e a segunda orientada para políticas linguísticas diversas, associadas a contextos e a legislação.
Tendo divulgado uma panorâmica dos países de língua portuguesa em 2015, Müller de Oliveira destacou o facto de, em Moçambique, apenas 50% da população falar português sendo, no Brasil, 76% os seus falantes.
A concluir a comunicação, o orador destacou a mudança de paradigma linguístico para línguas que, no presente século, já podem ser consideradas pluricêntricas , como é o caso do português, dado muitos dos países que se aproximam do idioma o fazerem, não por motivos do passado – tradição linguística, História, cultura – mas por questões menos previsíveis num passado ainda recente.
O segundo bloco de comunicações deu destaque às experiências do ensino do português na Galiza.
A primeira apresentação, a cargo de Jéssica Férnandez, de uma região isolada do norte da Galiza, Ferrol Terra, professora numa escola básica e secundária onde a diversidade linguística se encontra pouco desenvolvida, prendeu-se com o projeto “Mochila Social”, posto em prática no ano letivo transato e atualmente em continuidade.
O projeto envolveu 18 docentes de diferentes disciplinas, sendo um trabalho de aprendizagem cooperativa, do qual também fez parte a língua portuguesa.
No passado ano, o trabalho consistiu no preenchimento de uma “mochila virtual” e culminou com uma viagem a Portugal, concretamente ao Porto.
A escola, caracterizada por isolamento e com um universo de 45 professores e 400 alunos a partir dos 12 anos de idade, apresentava um quadro de conflitos interpessoais entre os discentes e considerável desmotivação por parte dos mesmos.
Com o objetivo de redução do abandono escolar e de melhorar a qualidade de ensino, o português entrou de modo “menos ortodoxo”, de modo a poder captar as potencialidades dos alunos e respetivos professores.
O trabalho cooperativo centrou-se em contactos com a lusofonia, através de conteúdos sociais com instituições ligadas aos “bancos de tempo” e ainda ao “Movimento Ecosol”, sediado no Porto, fatores que começaram por despertar o interesse para textos redigidos em língua portuguesa.
Do projeto constaram ainda ações pontuais, destinadas ao estudo da “Revolução dos Cravos”, a partir da qual foi criada uma oficina.
Para o ano letivo em curso, foi elaborado o “Projeto Terra”, construído a partir do tema da identidade territorial e no âmbito do qual se encontra previsto o intercâmbio com 400 alunos portugueses que falam o galego. O mesmo projeto contempla uma visita a território português, às localidades de Melgaço, Porto e Guimarães.
A segunda comunicação, a cargo das docentes de Português em Pontevedra, Teresa Carro e Maria José Sola, destacou as visitas de estudo como ponto de partida para o estudo da língua.
Salientaram as docentes a situação confirmada ao longo dos últimos anos : “a aprendizagem em contexto informal, embora estruturado, mais dificilmente cai no esquecimento.”.
Lecionando, as duas docente, em turmas de alunos adultos e com responsabilidades familiares, as saídas a Portugal, concretamente ao Alto Minho, pela proximidade, são realizadas por períodos que não ultrapassam as 24 horas.
As professoras defendem a importância do treino do português em situações concretas: compras, pedidos de informação, entrevistas.
As ações desenvolvidas enquadram-se nos seguintes objetivos: a prática da expressão e da compreensão; o desenvolvimento de estratégias comunicativas; o enriquecimento do conteúdo das aulas e a preparação de uma oficina de culinária, com receitas do país.
Por norma, as visitas elegem as vilas como destino, pois as populações locais revelam maior disponibilidade para o diálogo com os visitantes.
A preparação do trabalho inclui a organização de um caderno, no qual se encontra a informação básica, bem como as tarefas inerentes a cada visita (recolha de provérbios locais; preparação de uma lista de gastronomia regional; anotação de informações geográficas, entre outras).
A avaliação do trabalho não é totalmente formal, passando pelo debate acerta dos aspetos positivos e negativos das saídas e, no final, é elaborada uma exposição que tem servido de motivação à matrícula de novos alunos na disciplina de língua portuguesa.
Seguiu-se a comunicação de Xurxo Fernández Carballido, da Associação de Docentes de Português na Galiza.
Carballido encontra-se ligado à criação de clubes de leitura, envolvendo leitores de diversos escalões etários. A iniciativa inclui clubes independentes , clubes inseridos em escolas e em bibliotecas públicas. Foram mencionados algumas destas organizações, como, por exemplo: “Clube Lendo Lendas”; “Clube Tuga-Lugo”; “Clube da Biblioteca Ánxel Casal”, entre muitos outros mencionados.
Existem cerca de 238 clubes de leitura e 7500 leitores neles inscritos. Foi referido que em 28% das escolas galegas se pratica a atividade, mesmo em estabelecimentos de ensino destinados a adultos.
A título ilustrativo, foram destacadas duas visitas associadas a obras em português: uma visita à Casa Grande de Romarigães, evocando o romance homónimo de Aquilino Ribeiro e outra a Seide, à casa de Camilo Castelo Branco.
Algumas saídas, não de índole biográfica, incluem as denominadas “romagens literárias” e integram os grupos de leitores em português.
Foi destacado o blogue “pega no livro”, no qual costuma ser publicado uma lista de leitura, na qual se encontram seriados os autores mais lidos em determinados períodos.
A finalizar o conjunto de comunicações, Ana Hermida, da Universidade de Vigo, destacou a importância do projeto “troca-troca”, da responsabilidade da DPG (Docentes de Português na Galiza). Nesse sentido, a docente fez um apelo para o envio de materiais didáticos em PDF , solicitando aos eventuais colaboradores que os façam seguir por correio eletrónico, no referido formato, para a respetiva associação de professores.
No período da tarde, decorreram comunicações em simultâneo.
A primeira comunicação, a cargo dos estudantes de pós-doutoramento Flávio Garcia e Luciana Morais da Silva, brasileiros, a investigar em Portugal, teve como título “A língua oficial de Estado como expressão da unidade: o português na ficção e na ensaística de Mia Couto”.
O escritor moçambicano foi caracterizado enquanto artesão da escrita na morfossintaxe e na semântica, por fundir no português os traços da cultura local.
Utilizando a expressão de Umberto Eco “mundos narrativos”, os autores citaram Mia Couto, destacando ser o escritor responsável pela “fala devolvida ao seu povo”. Enquanto criatividade linguística, a estória, formato privilegiado, condensa as temáticas do mundo empírico e apresenta o universo regional africano.
A segunda apresentação, a cargo de Cláudia Barros, docente na Universidade Federal de Mato Grosso, constou da apresentação de um projeto de inclusão de cerca de 2000 refugiados haitianos que, recorrendo a uma pequena cidade isolada, vieram a ter expressão no cenário local.
O acolhimento deste grupo teve como principal preocupação a integração social através, em primeira instância, do ensino do português.
Para tal, foram convidados alunos de licenciaturas na área das Humanidades. O quadro teórico para implementação do projeto foi construído a partir de autores como Vigotsky e Bakhtin , tendo sido alicerçado nos conceitos de “literato crítico”, “novo literato” e “multiliterato” apresentados por Paulo Freire. O primeiro conceito – o de literato crítico – revela-se motivador para destinatários com absoluta necessidade social de aprendizagem.
De destacar, o facto de os refugiados haitianos serem do sexo masculino, muitos deles com qualificações académicas em áreas como, por exemplo, a economia, a engenharia e a medicina.
Foi trabalhada a tipologia textual, com incidência para a entrevista de emprego.
A aprendizagem da língua e respetiva integração foi gradual, embora os discentes, na qualidade de trabalhadores-estudantes, tivessem sempre evidenciado dificuldades quotidianas, por motivos de baixos salários e afastamento do respetivo agregado familiar – cônjuges e descendentes permaneceram no país de origem.
A terceira apresentação, a cargo de docentes da Universidade do Minho, Micaela Ramon e Diana Oliveira, destacou um projeto apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Instituto Camões, visando a criação de um portal para estudantes chineses em Portugal.
Tendo a Universidade do Minho recebido neste semestre 600 alunos estrangeiros, o desafio linguístico conduziu à criação de um centro de línguas denominado “Babelium”. No entanto, o curso de português para estrangeiros celebrou, no presente ano, o seu 25.º aniversário e tem vindo a ser caracterizado pela produção de pensamento teórico nas áreas da metalinguística e metadidática. Trata-se de um curso estruturado a partir do quadro de referência para as línguas.
Das necessidades detetadas nesta instituição e noutras que cooperam no ensino de português a alunos estrangeiros, foi criado o seguinte espaço virtual: http://saberportugues.pt/

Prosseguiram as comunicações  com o tema “Experiências e projeções institucionais sobre o multilinguismo e a língua portuguesa”, da responsabilidade de Angelo Cristóvão (Academia de Língua Portuguesa da Galiza); Galina Petrova (Universidade de Relações Internacionais de Moscovo); Suzani Cassiani (CES, Coimbra) e Irlan von Linsingen (CES, Coimbra)
Foi destacado o vocabulário comum da CPLP e o facto de, no presente, nem todos os falantes pertencerem a países de raiz latina, sendo diversa a motivação para a aprendizagem do português.
O presidente da Academia de Língua Portuguesa na Galiza referiu, uma vez mais, a importância da Lei 1/20014, pelo facto de promover a mesma o ensino do português em todos os centros escolares, prevendo ainda a participação de cidadãos da Galiza em fóruns lusófonos.
Encontra-se prevista uma futura integração da Galiza na CPLP.
No momento seguinte, Galina Petrova, docente na Universidade de Relações Internacionais de Moscovo, apresentou os aspetos fundamentais do ensino do português na Rússia.
Fazendo uma retrospetiva, referiu o início da atividade no seu país, datando a mesma da década de 60 do passado século.
Na época, o português era lecionado como 2.ª ou 3.ª língua, incluindo “História da Língua Portuguesa”, mesmo antes de pertencer esta cadeira ao currículo das licenciaturas em Portugal.
Já na década seguinte, com o corte de relações diplomáticas entre Portugal e a então União Soviética, o ensino da língua passou a ficar a cargo de docentes oriundos do Brasil, situação alterada após o 25 de abril de 1974.
A chegada de diversos discentes angolanos e moçambicanos às universidades soviéticas, contribuiu para o incremento do ensino do português no ensino superior.
No presente, a Universidade de Relações Internacionais de Moscovo conta com 100 alunos matriculados a português (no ano letivo anterior, contava com 45).
Na Rússia, o ensino do português PLE2 ou PLE3 decorre em 12 universidades.
Na Universidade de Relações Internacionais, à qual pertence a oradora, os alunos têm 340 horas anuais de PLE1, distribuídas por cinco aulas semanais com a duração de duas horas.
As turmas têm de seis a oito alunos, em trabalho intensivo, visto os ensinos básico e secundário não apresentarem, no currículo escolar, aulas de português. É objetivo, no ensino superior, atingir-se o nível de proficiência.
O currículo do curso consta de treino gramatical nos 1.º e 2.º anos e de tradução no 3.º ano. No 3.º e 4.º anos, durante a profissionalização, a atividade de tradução é direcionada para a área vocacional das licenciaturas, dado as turmas de PLE serem compostas por discentes de licenciaturas como a de direito, a de economia e a de jornalismo, entre outras. A diversidade de cursos nas turmas de língua, leva a que os docentes investiguem matérias novas, a fim de contribuírem para o aperfeiçoamento do trabalho de tradução.
Esta diversidade de matérias conduz à produção de material didático variado, partindo muitas das atividades realizadas fora da aula de recortes da imprensa portuguesa, brasileira e russa . Para além de traduzirem textos da comunicação social, os discentes devem produzir sínteses e construir opiniões com base nas leituras feitas.
Nos últimos anos do curso, os alunos leem ainda, fora das aulas, antologias de contos portugueses e brasileiros e, no final do ano, colaboram na realização da “Festa da Língua Portuguesa” que tem lugar na universidade.

17/10/2015
Do segundo dia de comunicações e realçando o facto de decorrerem apresentações em simultâneo, fica a referência à primeira comunicação de 17 de outubro.
O trabalho apresentado por Joana Pinho, da Universidade de Aveiro, elaborado no âmbito do mestrado e supervisionado por Helena Ançã, também presente, teve como título “Lexicultura lusófona”.
Tratou-se de um projeto implementado numa turma de 2.º ano do ensino básico, caracterizada pelo conjunto de nacionalidades de origem lusófona dos seus alunos.
Apesar de terem o português como língua oficial, os discentes utilizavam, em meio familiar, línguas maternas diversas.
Através do conceito de “lexicultura” (léxico+cultura), a responsável pelo projeto partiu da questão “o que promover, neste âmbito, entre os alunos?”.
Com a referida turma de 2.º ano, composta por 25 alunos de sete e oito anos de idade, deu-se início, ao longo de seis sessões, ao projeto “Viagem Misteriosa”.
Partindo de análise de conteúdo (Bardin), o trabalho visou a lexicultura em língua portuguesa, tendo-se concluído que:
os alunos reconhecem as diferenças em relação ao português utilizado (português europeu/português dos seus países de origem – PALOP). A distinção contempla o léxico e a pronúncia;
a apreensão do léxico é feita facilmente, a partir de contextos (ex: “chuinga” – pastilha elástica);
é feito um levantamento e respetivo debate acerca das novas aprendizagens;
a posição negativa inicial, no que diz respeito aos países de origem das crianças, passa a positiva, quando todos os alunos se apercebem de que são os colegas e amigos a utilizar um léxico diferenciado, tornado conhecido e partilhado pelo grupo.
O que aprendem de novo ao longo do projeto? Interiorizam que, em contexto, o erro se esbate; alargam a consciência lexical; desenvolvem competências interculturais.
A lexicultura lusófona revela-se uma estratégia adequada para o ensino de uma língua estrangeira, sendo urgente a formação de docentes do ensino básico, no que diz respeito às variedades linguísticas da língua portuguesa.
Maria Helena Ançã, docente da Universidade de Aveiro, apresentou a comunicação “Investigação e Formação em Português – língua de acolhimento: o caso específico do Laboratório de Investigação em Educação em Português (LEIP), na Universidade de Aveiro”.
Partindo do conceito de “língua de acolhimento” (Lüdi e Py, 1986), a docente referiu o Decreto-Lei 6/2001, de 18 de janeiro, na regulamentação do Português como segunda língua.
Apresentou o número de alunos com o português como língua não materna, dando conta de esse número ter decrescido consideravelmente desde o último relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a fonte utilizada pela oradora.
Na observação e apoio aos estudantes estrangeiros, Ançã referiu o trabalho realizado através da Universidade de Aveiro: teses de doutoramento, a criação de dois projetos sobre língua de acolhimento, e as publicações do LEIP, destinadas ao ensino e aprendizagem do PL2.

O texto aqui divulgado sobre o “Simpósio SIPLE 2015” pretende transmitir uma ideia global acerca das comunicações, procurando-se a abrangência.
O facto de decorrerem, em simultâneo, apresentações, levou a opções, fator que explica não se ter procedido a um apanhado mais abrangente.
Poderemos destacar as apresentações em três grandes grupos: mesas plenárias sobre a situação da língua portuguesa no mundo e eventuais medidas para a sua valorização/divulgação; experiências letivas e metodologias relacionadas com o ensino de PLE; apresentação detalhada de projetos, destinados a diversos anos de escolaridade – desde o 1.º ciclo ao ensino superior – dando conta da metodologia, implementação e respetiva avaliação.
A partilha de experiências e de conhecimentos contribuiu, indubitavelmente, para uma maior perceção acerca do ensino do português (PLE) em território nacional e em diversas latitudes.
Esperemos que da síntese do simpósio possam sair indicações com interesse para aqueles que, na qualidade de professores de português, tenham como público-alvo discentes de PLE.
Associação de Professores de Português
Lisboa, 12 de novembro de 2015