Debate | APP «Avaliação Externa de Português e Neurociência Cognitiva — Leitura e Escrita na Era Digital»

A Associação de Professores de Português (APP) vai promover um debate dedicado ao tema «Avaliação Externa de Português e Neurociência Cognitiva», com o objetivo de refletir sobre os atuais modelos de avaliação e o modo como estes influenciam o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita.

Nos últimos anos, a APP tem constatado uma tendência crescente para a predominância de itens de seleção nas provas de avaliação externa — tanto nas provas de fim de ciclo como nos exames finais nacionais, tendência que se intensificou com a migração da avaliação externa para plataformas digitais. De facto, essa prevalência parece-nos excessiva e atinge 60% no caso do exame final nacional do 12.º ano (o que agora fica ‘escondido’ nas provas ModA e na prova final de ciclo, no 9.º ano, que não são públicas), a que acresce o formato das provas numa plataforma digital que não permite que os alunos usem algumas das competências que aprenderam para lerem um texto em maior profundidade e para planificarem bem e textualizarem os itens de construção.

Este formato, embora útil em alguns aspetos, produz um enviesamento provocado por uma plataforma digital que penaliza as provas de Português, em particular, e introduz, por várias razões, um problema de equidade entre os alunos.

 

Esta situação, agora intensificada com a transição para plataformas digitais de quase toda a avaliação externa, levanta, portanto, questões sobre a validade dos resultados, apesar do rigor científico dos itens, bem como sobre as competências efetivamente mobilizadas pelos alunos.

 

Neste contexto, pretendemos fazer um debate sobre avaliação externa de Português, em particular sobre os itens de seleção e de construção e as competências complexas de leitura e de escrita. Por isso, convidámos dois especialistas em avaliação, para intervirem como oradores nesse debate, ajudando-nos a pensar melhor sobre as provas de avaliação externa, a sua estrutura, os itens que as constituem e o seu desenho e finalidade – e a sua relação com as competências complexas de leitura.

Como as escolas tendem a preparar os seus alunos para a avaliação externa, tendo em conta o modelo das provas, que tende, por sua vez, a ser baseado em plataformas digitais que não respondem de forma cabal e efetiva à exigência das competências desenvolvidas na disciplina de Português, a única que os alunos têm ao longo de toda a escolaridade obrigatória e, por isso, uma pièce de résistance incontornável e decisiva para a sua aprendizagem – neste contexto, pareceu-nos importante integrar no debate os resultados mais recentes da investigação em neurociência cognitiva, que tem vindo a oferecer novas perspetivas sobre os processos cerebrais subjacentes à leitura e à escrita, permitindo compreender de forma mais profunda como se desenvolvem estas competências complexas, que dimensões convoca e quais as consequências do seu subdesenvolvimento.

 

A articulação entre estes dois domínios — avaliação e neurociência — revela-se, assim, na nossa opinião, fundamental para refletirmos sobre as práticas de ensino e de avaliação em vigor e compreendermos melhor os contributos da neurociência cognitiva para a compreensão da leitura e da escrita, explorando como estes conhecimentos podem construir, de forma não prescritiva, naturalmente, práticas de ensino e de avaliação mais adequadas e ajustadas a um desenvolvimento cognitivo pleno, ajudando os professores de Português e os especialistas em avaliação a tomarem boas decisões pedagógicas.

 

Mais informações em breve!

 

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