Destaques do Ciberdúvidas – 10.10.25

Esta semana destacamos dois «Artigos», a rubrica «Consultório, a rubrica «O Ciberdúvidas Vai às Escolas» e a rubrica «Ciberdúvidas Responde». No consultório, distinguimos «caiena» e «pimenta-de-caiena», falamos da palavra «psicopata», da coordenação de «antes de» e «após» e da associação de palavras gramaticais «com que». Nos artigos, destacamos a discussão sobre o sentido tradicional de moderado – um sentido que se tem vindo a perder? – e outro sobre variantes menos adequadas, uma forma pouco correta e um erro sem discussão.

Na rubrica Artigos, destacamos dois textos:

i. Um artigo, de Inês Gama, sobre o sentido tradicional de moderado e o valor semântico no contexto das políticas de habitação.

Excerto do artigo, que pode ser lido aqui:

«Neste enquadramento, o facto de o governo português passar a considerar como «moderadas» rendas entre os 400€ e os 2300€ levanta dúvidas do ponto de vista semântico. Será adequado qualificar como moderada uma renda que ultrapassa, em muito, o salário mínimo nacional e até mesmo o salário médio? Neste caso concreto, poder-se-á dizer que o valor semântico do adjetivo moderado entra em aparente dissonância com o referente real a que se aplica.»

ii. Um artigo, de Carlos Rocha, intitulado «A propósito de contacto, «dezenas de milhares» e catenária», sobre variantes menos adequadas, uma forma pouco correta e um erro sem discussão.

De facto, «Em Portugal, o mês de outubro de 2025 começou cheio de situações e acontecimentos preocupantes que, nas notícias, reforçaram a impressão (ou como agora sói dizer-se, «a perceção») de que, do país ao planeta, se vivem tempos agitados. Também se percebeu que no que se lê e escreve se dão os erros linguísticos de sempre e outros que são novidades também merecedoras de comentários mais ou menos reprovadores, como os três que se seguem», de que destacamos o caso de «dezenas de milhar» e este excerto:

«Num artigo de opinião do jornal Expresso (“Imigração: o dilema fatal do PS”, 02/10/2025) fala-se das questões à volta da imigração e três vezes se emprega a forma errónea “centenas de milhar”:

(1) «a entrada sem limites e sem qualquer controle policial de centenas de  milhar de pessoas vindas de muitos lados…»

(2) «Centenas de milhar de socialistas, que seguem os ensinamentos de Soares…»

(3) «… as centenas de milhar de dislikes ou unlikes do povo comum…»…»

Texto na íntegra aqui.

 

 

 

Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, quatro questões:

i. Sobre a relação etimológica entre os nomes da pimenta-de-caiena, caiena e o nome da capital franco-guianense (da Guiana Francesa), Caiena.

A resposta, que pode ser lida neste artigo, apresenta duas hipóteses para a raiz indígena que pode ter influenciado tanto o nome da especiaria quanto o nome da cidade – mas sem que haja uma relação direta comprovada entre os dois.

ii. Sobre a formação da palavra «psicopata» e a clara evolução do seu significado, que passou a designar só um tipo de doente mental, e não qualquer tipo.

A resposta pode ser lida neste linque e refere que «o transtorno fundamental da psicopatia seria a “demência semântica”, isto é, um déficit na compreensão dos sentimentos humanos em profundidade, embora no nível comportamental o indivíduo aparentasse compreendê-los.»

iii. Sobre a coordenação de «antes de» e «após».

O artigo, que se pode ler aqui, explica por que razão, na frase «Antes de e após isso ocorrer, você já deveria ter aprendido!», não se deve associar a preposição de ao termo após.

iv. Sobre a locução «com que» numa construção como a frase «Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara, contendo as lições de um quase nada daquela língua que ele aprendera quando seminarista.»

A resposta pode ser lida neste linque e mostra como a estrutura da frase se revela-se mais complexa do que parece à primeira vista e merece uma análise detalhada.

 

 

 

No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.

Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.

Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt

Esta semana, destacamos o vídeo 39 com a resposta à dúvida colocada por uma estudante da Escola Secundária Nossa Senhora da Hora, Porto:

Devo dizer «Fui um dos que ganhou o prémio» ou «Fui um dos que ganharam o prémio»?

A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui.

 

 

 

Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 44, a resposta à seguinte questão:

Estará correto dizer-se «vivo na Fátima»?

Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pelo consultor Carlos Rocha.

 

 

 

Mais informações e fonte da imagem aqui.