Na rubrica Artigos, destacamos dois textos:
i. Um artigo, de Inês Gama, sobre «Greve: uma palavra de protesto coletivo» – uma reflexão sobre o seu sentido e história.
Excerto do artigo, que pode ser lido aqui:
«A palavra greve, hoje associada à paralisação organizada de trabalhadores como forma de reivindicação, tem uma origem curiosa e muito concreta. O termo vem do francês grève, que designava originalmente uma praia de areia ou cascalho junto ao rio Sena, em Paris. Mais precisamente, a Place de Grève era uma zona ampla junto ao rio onde se reuniam os operários sem trabalho à espera de contratação. Com o tempo, o nome do lugar passou a ser metonímia da própria situação de falta de emprego. Por conseguinte, «estar em greve» significava «estar sem trabalho». Foi já no século XIX, com o fortalecimento dos movimentos operários e sindicalistas, que o termo evoluiu para o sentido da recusa coletiva de trabalhar como forma de protesto e reivindicação.»
ii. Um artigo, de Sara Mourato, sobre a dificuldade de tradução do termo sharenting.
Excerto do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui:
«Do ponto de vista linguístico, sharenting é um estrangeirismo ainda em fase de integração. A sua própria formação ajuda a compreender porquê. A palavra resulta da fusão de sharing (partilha) com parenting(parentalidade), um processo designado por amálgama, definido como «processo morfológico que permite formar novas unidades lexicais a partir da fusão de duas ou mais unidades lexicais truncadas» (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, TLEBS), i.e., um processo que consiste em unir segmentos de duas palavras para criar uma terceira. Trata-se de um mecanismo particularmente produtivo em inglês, patente em smog (nevoeiro, de smoke + fog), brunch (breakfast + lunch) ou motel(motor + hotel), por exemplo.»
Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, três questões:
i. Sobre a regência de «complementaridade».
A resposta à dúvida colocada – «”A Igreja se enriquece da complementaridade entre os estados de vida: o leigo, evangelizando as realidades temporais; o clérigo, servindo ao povo de Deus nos sacramentos e no governo pastoral; o religioso, sustentando com sua oração todo o corpo eclesial”. A preposição entre, que segue o substantivo feminino singular complementaridade, está correta? Ou o correto seria: “A Igreja se enriquece da complementaridade dos estados de vida: […]”?» – defende que «é possível encontrar tanto resultados para complementaridade regido pela preposição entre (1) como pela preposição de (2).
(1) «A finalidade intelectual de aquela obra impunha a complementaridade entre o mapa e o texto.»
(2) «A humanidade é criada na complementaridade do homem e da mulher.»
A explicação pode ser lida neste artigo.
ii. Sobre «Estar com o particípio passado transformado».
A resposta pode ser consultada neste linque e defende que «Na frase em apreço [«Os dois primos adoravam o velho celeiro que estava transformado em garagem.»], a primeira questão que se coloca é a de saber se transformado é um particípio ou uma forma adjetival. Embora as construções com o verbo estar gerem estruturas com fronteiras ténues entre o adjetivo e o particípio, pensamos, neste caso, estarmos perante um particípio, pelo que transformado integra uma forma verbal composta.»
iii. Sobre a coordenação correlativa «nem… nem…».
O artigo, que se pode ler aqui, responde à seguinte questão: «Na frase «Nem telefonaste nem apareceste.», como se classificam as orações introduzidas por nem?»
A resposta assume que
«A frase apresentada é complexa e inclui uma oração coordenada copulativa.
Como é sabido a coordenação pode tanto ser feita por meio de uma conjunção, que articula a oração que introduz com a anterior, como por meio de duas conjunções ou locuções, cada uma introduzindo uma oração, tendo a segunda conjunção a função de articular a segunda oração com a primeira. Nesta última situação, estamos perante um caso de coordenação correlativa, uma vez que os dois termos que introduzem cada uma das orações, o que significa que, como explicam Matos e Raposo, «embora estejam separados um do outro pelo primeiro termo, formam, na realidade, um único grupo semanticamente coeso; ou seja, constituem uma só conjunção ou locução, de natureza complexa».»
No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.
Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.
Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt
Esta semana, destacamos o vídeo 48 com a resposta à dúvida colocada por uma estudante do AE Engenheiro Dionísio A. Cunha, em Canas de Senhorim:
Qual a diferença entre o modificador do nome e o complemento do nome?
A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui e começa por reconhecer que a diferença entre modificador e complemento do nome nem sempre é fácil.
Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 53, a forma de saudação: bem-vindo ou benvindo?
Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pela consultora Carla Marques, que defende que a forma benvindo, como cumprimento, está mal grafada.
Mais informações e fonte da imagem aqui.