Destaques do Ciberdúvidas – 14.11.25

Esta semana destacamos dois «Artigos», a rubrica «Consultório, a rubrica «O Ciberdúvidas Vai às Escolas» e a rubrica «Ciberdúvidas Responde». No consultório, refletimos sobre nomes abstratos como antecedentes de palavras relativas, analisamos o uso de vírgula em provérbios e aforismos e falamos sobre estilo e voz passiva, nomeadamente em construções passivas ou impessoais em comunicações formais, especialmente em contextos administrativos ou institucionais. Nos artigos, destacamos uma reflexão sobre confusões e erros recorrentes e outro sobre palavras parónimas com significados bem distintos.

Na rubrica Artigos, destacamos dois textos:

i. Um artigo, de Carlos Rocha, sobre confusões recorrentes, como «sobre limites» e «desmarcar».

Excerto do artigo, que pode ser lido aqui:

«Há erros tão recorrentes que fazem crer que assinalá-los é tarefa vã. Deixá-los em silêncio uma vez por outra não quer dizer que se perdoem e fiquem esquecidos, pois há de surgir sempre nova oportunidade para os recordar. Foi o que aconteceu com estes dois casos que não conseguiram escapar à nossa atenção.

Na primeira imagem, a de um recorte do jornal A Bola, na sua edição de 05/11/2025, lemos que, algures, alguém deixa fazer algo «sobre determinados limites».  Certamente que a intenção era escrever «sob determinados limites», tal como se diz (bem) «sob a condição de», equivalente a «com a condição de», como se lê, por exemplo, numa frase de José Rodrigues Miguéis, em Páscoa Feliz: «Tempos depois, um belo dia empregaram-me numa loja da rua, sob a condição de o patrão me deixar frequentar uma escola nocturna.» A ideia não é a de certas ações estarem apoiadas sobre limites ou condições, mas, sim, a de determinados atos estarem debaixo da alçada, ou seja, sob a alçada, de alguma coisa ou de alguma pessoa. Trata-se, como se sabe, de um erro que se repete tão depressa como se esclarece: tudo se explica pela extrema semelhança sonora das duas preposições, que são parónimas e, portanto, traiçoeiras.’

 

ii. Um artigo, de Carla Marques, sobre palavras parónimas com significados bem distintos.

Excerto do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui e cujo título é «Qual a diferença entre trintanário e trintenário?»:

«Um ouvido mais distraído poderia pensar que a palavra trintanário é uma corrupção de trintenário e que não existe. Não é, todavia, o caso, pois as palavras trintanário como trintenário existem ambas. São palavras parónimas, ou seja, têm uma forma próxima, que poderá gerar alguma hesitação no seu uso. Assim, recordemos que se usa o substantivo trintenário para referir uma «pessoa que tem trinta anos». O número trinta está presente na forma trintena que está na base da formação da palavra e à qual se juntou o sufixo –anário

 

 

 

Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, três questões:

i. Sobre «Nomes abstratos como antecedentes de palavras relativas». Excerto da resposta, que pode ser lida neste artigo:

«Nas duas frases apresentadas, os relativos onde quem introduzem orações subordinadas adjetivas que modificam os nomes lugar pessoa, respetivamente. Neste contexto, tendo em conta o carácter genérico desses nomes, bem como o uso de determinantes indefinidos, questiona-se se estes podem funcionar como antecedentes dos relativos mencionados. A resposta é: sim, podem.»

 

ii. Sobre o «Uso de vírgula em provérbios e aforismos», em construções como «Conhecimento que se guarda, perde força; conhecimento partilhado, multiplica-se.»

A resposta pode ser lida neste linque e defende que a pontuação em questão é aceitável.

 

iii. Sobre «estilo e voz passiva», nomeadamente em construções passivas ou impessoais em comunicações formais, especialmente em contextos administrativos ou institucionais.

O artigo, que se pode ler aqui, defende que «Em termos semânticos, as construções ativas permitem tipicamente dar uma maior proeminência ao sujeito enquanto constituinte que descreve o agente, experienciador ou a causa do estado de coisas descrito pelo predicado.

(…)

As frases passivas verbais, por seu turno, caracterizam-se por “despromover” o sujeito para a função de complemento agente da passiva, como ilustra o constituinte «o João» em (2):

(2) «O motivo da comunicação foi questionado pelo João.»

A opção pela passiva pode, deste modo, estar associada a uma intenção de secundarização do agente de determinada situação.»

 

 

 

No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.

Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.

Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt

Esta semana, destacamos o vídeo 44 com a resposta à dúvida colocada por um estudante da Escola Secundária Nossa Senhora da Hora, Porto:

Quando devemos usar «independente de» e «independentemente de»?

A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui e parte da observação de que se trata de duas classes gramaticais distintas.

 

 

 

Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 49, a origem do nome Guadiana.

Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pela consultora Sara Mourato.

 

 

 

Mais informações e fonte da imagem aqui.