Na rubrica Artigos, destacamos dois textos:
i. Um artigo, de Paulo Barata, sobre um uso inesperado, mas bem aplicado, do adjetivo «cabíveis», quando se esperava «cabais».
Excerto do artigo, que pode ser lido aqui:
«Este cabíveis [«O sindicato pede mesmo a aplicação de medidas “cabíveis e conducentes à sua proteção”, recordando que, a 27 de outubro, o presidente do Chega, André Ventura, acusou os serviços da Assembleia de lhe “cortarem o tempo de intervenção”.», in Observador, 28.11.2o25] surgiu numa notícia sobre uma queixa formal de alguns funcionários da Assembleia da República, apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas à secretária-geral da Assembleia da República, Anabela Cabral Ferreira, contra deputados do Chega. O motivo são alegados comportamentos que «afetam profundamente a dignidade, autoestima, saúde mental e integridade física dos trabalhadores», e na queixa pede-se a aplicação de medidas «cabíveis e conducentes à sua proteção».
Estranhei a palavra, esperava ali mais um cabais, com o sentido de «completas» ou «rigorosas», pela similitude de grafia, ou então um adequadas, termo mais usual para a circunstância.»
ii. Um artigo, de Inês Gama, sobre o feminino das palavras terminadas em -ão. Qual o feminino de sultão?
Excerto do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui:
«Embora muitos nomes masculinos terminados em –ão formem o feminino em -xi (ermitão/ermitoa), em –ã(aldeão/aldeã) ou em –ona (comilão/comilona), o caso de sultão constitui uma exceção a esses padrões, adotando a forma –ana, talvez por influência do contacto com o árabe.»
Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, três questões:
i. Sobre o advérbio «apenasmente».
A resposta à dúvida colocada – «Encontrei essa forma [apenasmente] em alguns textos informais e gostaria de saber se ela é reconhecida pela norma-padrão do português, bem como se é registada nos dicionários ou atestada por gramáticas de referência – defende que, neste caso, ambas as possibilidade estão corretas.
A explicação pode ser lida neste artigo e defende que «No português europeu, o advérbio apenasmente não tem registos de uso nem nos dicionários de referência nem no Corpus de Português de Mark Davies.»
ii. Sobre o anglicismo spam no plural.
A resposta pode ser consultada neste linque e defende que «Do ponto de vista estrutural, nada impede a formação do plural spams, mas acontece que a palavra inglesa spam tem origem numa palavra inglesa com origem num produto comercial – Spam® –, que se comporta como substantivo designativo de um tipo e substância, neste caso, para alimentação humana.»
iii. Sobre «Prazo e as preposições de, durante e por».
O artigo, que se pode ler aqui, responde à seguinte questão: «A forma correcta de indicar o período temporal é durante ou por? [Por] exemplo, «acordaram o prazo durante oito anos», ou «acordaram o prazo por oito anos»? Constato, há cerca de seis meses, em algumas rádios em Portugal, que há uma substituição da palavra durante pela palavra por quando querem referir-se a um determinado período temporal nos noticiários.»
A dúvida remete para o facto de que «A estranheza provocada pela coocorrência das preposição durante e por com o nome prazo também se ficará a dever ao facto de este nome indicar o término de uma situação, ao passo que as duas preposição apontam para o decurso / a duração de uma situação.»
No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.
Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.
Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt
Esta semana, destacamos o vídeo 47 com a resposta à dúvida colocada por um estudante do AE Engenheiro Dionísio A. Cunha, em Canas de Senhorim:
Há alguma regra simples para saber quando devo colocar uma vírgula numa frase?
A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui e começa por reconhecer que não há muitas vírgulas obrigatórias – e descreve várias dessas situações -, mas destaca sobretudo os usos proibidos, como a vírgula que ocorre erradamente entre o sujeito e o verbo, entre outros casos analisados.
Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 52, as expressões surgem após o terramoto de 1755.
Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pela consultora Inês Gama.
Mais informações e fonte da imagem aqui.