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Paula Cristina Ferreira, em representação da Associação de Professores de Português, falou com a jornalista Gracielle Reis, do programa «Manhã Viva Portugal», sobre disortografia. O presidente da direção comentou, no jornal Público, no dia 25, o elevado número de reapreciações automáticas, na prova de Português do 9.º ano.

A disortografia refere-se à dificuldade em escrever corretamente e é uma condição que afeta cerca de 5 a 10% da população escolar, segundo dados da Associação Internacional de Dislexia (IDA).

A disortografia não é apenas um desafio académico, mas tem impacto na autoestima e na integração social dos estudantes – e das pessoas, em geral. Por isso, é fundamental compreender e reconhecer a sua existência, assim como as suas implicações.

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Por outro lado, no dia 25 de julho, o presidente da direção comentou, à jornalista Ana Margarida Alves, do jornal Público, o elevado número de reapreciações automáticas, na prova de Português do 9.º ano.

O excerto citado refere que para «o presidente da Associação de Professores de Português, João Pedro Aido, este “grande volume de reapreciações não é um choque”. Estas reapreciações resultam do facto de “ser o primeiro ano em que se realiza este tipo de provas em formato digital”, considerou, em declarações ao PÚBLICO. Numa tentativa de encontrar respostas para o porquê de tantas reapreciações, este responsável admite que as discrepâncias que se verificam entre a nota interna dos alunos e a nota dos exames poderão ser motivadas pelo facto de os alunos “não terem a literacia digital necessária” para “treinarem neste suporte digital” e completarem o teste.
Por outro lado, também o “desenho da plataforma” pode ter suscitado “algumas dificuldades”, acrescenta.»

 

Por outro lado, a peça omite outras questões abordadas nessa conversa: o grande número de itens de seleção e o facto de os alunos não terem uma literacia digital robusta que permita utilizarem algumas das estratégias que aprenderam para ler textos e poderem planificar e escrever de forma adequada.

De facto, há um ano, numa reflexão sobre os resultados dos alunos na prova final de ciclo, dizíamos que «Tendo em conta a presença de quase 81% de itens de seleção, com um peso de 68/100 pontos, podemos sugerir que, nos próximos anos, haja um maior equilíbrio entre os itens de seleção e os de construção, nas provas finais de ciclo, mas mantendo sempre, naturalmente, o rigor científico e uma extensão e exigência adequadas para o nível etário em provas calibradas com níveis elevados (e exemplares) de complexidade cognitiva.», o que não parece ter acontecido de novo este ano.

Além disso, «O facto de a prova não ter sido realizada em formato eletrónico [em 2024] permitiu que os alunos utilizassem competências específicas da disciplina de Português, com implicações positivas em ações estratégicas decisivas, como é o caso das técnicas de leitura de textos associadas a técnicas de escrita (sublinhados, esquemas, notas na margem…). De facto, as ferramentas disponíveis no formato eletrónico continuam a não permitir sublinhar nem fazer esquemas para que os alunos possam destacar a informação que considerem pertinente (nos textos ou no enunciado dos itens da prova) e assim responderem melhor às questões apresentadas. Por outro lado, a planificação da produção escrita no item de construção de resposta extensa (…) realiza-se mais facilmente com papel e caneta – não se correndo, assim, o risco de incentivarmos a escrita de textos ‘não planificados’ e tendencialmente mais curtos, como poderia acontecer na escrita em computador. Este desafio tecnológico é muito importante para um maior sucesso na realização de provas como a de Português, em 2025, se for retomado o modelo das provas em formato eletrónico.»

Constatamos, em 2025, que estas recomendações não se cumpriram e que, provavelmente, uma parte da discrepância de resultados entre a nota interna e a do exame se fica a dever, no caso dos itens de seleção, a dificuldades em os alunos implementarem ações estratégicas decisivas, como é o caso das técnicas de leitura dos textos da prova.

 

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