Debate | APP «Avaliação Externa de Português e Neurociência Cognitiva — Leitura e Escrita na Era Digital» — inscrições

INSCRIÇÕES ABERTAS Formadores: Carla Marques, Luís Filipe Redes e Teresa Monteiro Dinamizadores convidados: Paula Simões (investigadora, professora de Inglês e Alemão, colaboradora do IAVE), Jorge Cachucho (diretor dos serviços de avaliação externa do IAVE), Joana Rato (psicóloga da educação doutorada em Ciências da Saúde, na especialidade de Neuropsicologia, pelo Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da UCP, com D.E.A. em Neuropsicologia Clínica pela Universidad de Salamanca), João Pedro Aido (presidente da direção da APP) Modalidade: Ação de curta duração / Formação a distância Número de horas: 3 horas a distância Destinatários: Professores dos grupos 110, 200, 210, 220, 300, 310, 320, 330, 340 e 350 (n.º 1 do art. 8.º e art. 9.º do RJFCP) Datas e horários: 30 de outubro de 2025, 17h30–20h30 Número máximo de inscritos: 200 participantes (prioridade a sócios) A presente ação releva para a progressão em carreira, na dimensão científica e pedagógica, professores dos grupos 110, 200, 210, 220, 300, 310, 320, 330, 340, 350 e 910 (n.º 1 do art. 8.º e art. 9.º do RJFCP). Inscrição obrigatória. Participação grátis, se não pretender certificado de formação.

 

Introdução

 

A Associação de Professores de Português (APP) promove um debate dedicado ao tema «Avaliação Externa de Português e Neurociência Cognitiva — Leitura e Escrita na Era Digital», com o objetivo de refletir sobre os atuais modelos de avaliação e o modo como estes influenciam o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita, no contexto do estado da arte da neurociência cognitiva.

Nos últimos anos, a APP tem constatado um uma tendência crescente para a predominância de itens de seleção nas provas de avaliação externa — tanto nas provas de fim de ciclo como nos exames finais nacionais, tendência que se intensificou com a migração da avaliação externa para plataformas digitais. De facto, essa prevalência parece-nos excessiva e atinge 60% no caso do exame final nacional do 12.º ano (o que agora fica ‘escondido’ nas provas ModA e na prova final de ciclo, no 9.º ano, que não são públicas), a que acresce o formato das provas numa plataforma digital que não permite que os alunos usem algumas das competências que aprenderam para lerem um texto em maior profundidade e para planificarem bem e textualizarem os itens de construção.

Este formato, embora útil em alguns aspetos, produz um enviesamento provocado por uma plataforma digital que penaliza as provas de Português, em particular, e introduz, por várias razões, um problema de equidade entre os alunos.

 

Esta situação, agora intensificada com a transição para plataformas digitais de quase toda a avaliação externa, levanta, portanto, questões sobre a validade dos resultados, apesar do rigor científico dos itens, bem como sobre as competências efetivamente mobilizadas pelos alunos.

Ao mesmo tempo, a investigação em neurocognição tem vindo a oferecer novas perspetivas sobre os processos cerebrais subjacentes à leitura e à escrita, permitindo compreender de forma mais profunda como se desenvolvem estas competências complexas. A articulação entre estes dois domínios — avaliação e neurociência — revela-se, assim, fundamental para refletirmos sobre as práticas de ensino e de avaliação em vigor.

 

 

Neste contexto, pretendemos fazer um debate sobre avaliação externa de Português, em particular sobre os itens de seleção e de construção e as competências complexas de leitura e de escrita. Por isso, convidámos dois especialistas em avaliação, para intervirem como oradores nesse debate, ajudando-nos a pensar melhor sobre as provas de avaliação externa, a sua estrutura, os itens que as constituem e o seu desenho e finalidade – e a sua relação com as competências complexas de leitura.

Como as escolas tendem a preparar os seus alunos para a avaliação externa, tendo em conta o modelo das provas, que tende, por sua vez, a ser baseado em plataformas digitais que não respondem de forma cabal e efetiva à exigência das competências desenvolvidas na disciplina de Português, a única que os alunos têm ao longo de toda a escolaridade obrigatória e, por isso, uma pièce de résistance incontornável e decisiva para a sua aprendizagem – neste contexto, pareceu-nos importante integrar no debate os resultados mais recentes da investigação em neurociência cognitiva, que tem vindo a oferecer novas perspetivas sobre os processos cerebrais subjacentes à leitura e à escrita, permitindo compreender de forma mais profunda como se desenvolvem estas competências complexas, que dimensões convoca e quais as consequências do seu subdesenvolvimento.

 

A articulação entre estes dois domínios — avaliação e neurociência — revela-se, assim, na nossa opinião, fundamental para refletirmos sobre as práticas de ensino e de avaliação em vigor e compreendermos melhor os contributos da neurociência cognitiva para a compreensão da leitura e da escrita, explorando como estes conhecimentos podem construir, de forma não prescritiva, naturalmente, práticas de ensino e de avaliação mais adequadas e ajustadas a um desenvolvimento cognitivo pleno, ajudando os professores de Português e os especialistas em avaliação a tomarem boas decisões pedagógicas.

 

Objetivos do Debate | APP

 

O debate visa:

  1. Refletir criticamente sobre o modelo atual de avaliação externa de Português, nomeadamente o peso excessivo dos itens de seleção e o impacto do formato digital nas provas.
  2. Discutir os contributos da neurociência da cognição para a compreensão da leitura e da escrita, explorando como estes conhecimentos podem informar práticas de ensino e avaliação mais adequadas.
  3. Promover o diálogo entre especialistas, professores e investigadores, procurando caminhos para uma avaliação que valorize as competências complexas de leitura e de interpretação, a produção escrita e o pensamento crítico.

 

Conteúdos da ACD / Debate | APP

 

A sessão será estruturada em quatro momentos principais:

i. Contextualização Apresentação das principais mudanças nas provas de avaliação externa e dos pareceres recentes da APP.

ii. Perspetiva dos especialistas em avaliação Intervenção de dois especialistas em avaliação sobre o desenho de itens de seleção e de construção, a sua validade e fiabilidade e o modo como mobilizam competências complexas de leitura e de escrita.

iii. Perspetiva da neurociência cognitiva Intervenção de uma especialista em neurociências sobre os mecanismos subjacentes à leitura e à escrita, e as implicações pedagógicas desse estado da arte.

iv. Debate e propostas — Discussão aberta entre participantes sobre possíveis alterações nos modelos de avaliação externa e estratégias para promover aprendizagens mais profundas e equitativas.

 

Conclusão

 

Este debate pretende ser um espaço de reflexão e de construção conjunta, onde se cruzam a experiência pedagógica e a investigação científica, com o propósito de repensar o futuro da avaliação em Português — tornando-a mais fiável, mais equitativa, mais justa e mais  ajustada a um desenvolvimento cognitivo pleno.