Na rubrica Artigos, destacamos dois textos:
i. Um artigo, de Inês Gama, intitulado «Autarca, autarquia e autárquicas», com uma reflexão sobre palavras do poder local.
Excerto do artigo, que pode ser lido aqui:
«Já autarca provém do grego autárchēs (αὐτάρχης), que significa «soberano absoluto» ou «aquele que exerce o poder por si mesmo». Contudo, no português contemporâneo, o sentido absolutista perdeu-se e esta palavra passou a designar o titular de um cargo político numa autarquia local, como o presidente da câmara ou da junta de freguesia.»
ii. Um artigo, de Carlos Rocha, intitulado «“Trata-se de…”, sempre no singular», sobre manipulação de imagem e sintaxe errada, a propósito do aperfeiçoamento da IA.
Excerto do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui:
«O aperfeiçoamento da Inteligência Artificial leva-nos coletivamente a repensar a justeza do velho aforismo «ver para crer» e a procurar estratégias que nos poupem a simulacros enganosos. Toda a prudência é pouca, e um conhecido professor universitário tornou-se também vítima de falsificação de imagem, tendo-se visto na contingência de recorrer ao Facebook para esclarecer a situação, lesiva do seu bom nome.
Talvez por precipitação, porque é caso para preocupação e nervosismo, no registo da declaração baixou com certeza as guardas contra outra intrusão: a do erro sintático que decorre de empregar «trata-se de…» erroneamente no plural (“tratam-se”), porque trata-se é sempre expressão impessoal (não tem sujeito) e, portanto, o verbo tem forma de singular (trata).»
Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, três questões:
i. Sobre a expressão «À memória de» e a noção de tributo ou homenagem.
A resposta, que pode ser lida neste artigo, defende que essa expressão, frequentemente inscrita em lápides tumulares, é uma construção cristalizada, que foi fixada pelos usos, e que também poderá subentender nomes como tributo ou homenagem – em ambos os casos, em construções com verbos que regem a preposição a.
ii. Sobre a formação da palavra «irresolubilidade». A resposta pode ser lida neste linque e defende que «A palavra está bem formada, a partir de irresolúvel, e por analogia com resolubilidade, derivado de resolúvel.»
iii. Sobre o pronome clítico «o» com o verbo «estar», em construções como «Ele está-o a fazer» e «Ele está a fazê-lo».
O artigo, que se pode ler aqui, defende que «formas como «está-o» parecem muito pouco frequentes, a avaliar pelo facto de uma coleção de textos em português de várias épocas, literários e não literários, fornecer apenas um exemplo.» e conclui que «Em suma, da informação recolhida emergem dados que ainda aguardam uma explicação cabal. O facto é que «está-o» e «está-lo» praticamente não se usam no português de Portugal. A razão para evitar formas como «está-o a fazer» e «está-lo a fazer» não é clara, mas pode ser resultado da perceção malsonante (cacofonia) de «está-o a», que tem um encontro vocálico menos habitual “áua”), e de «está-lo», por exemplo, confundível com estalo.»
No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.
Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.
Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt
Esta semana, destacamos o vídeo 40 com a resposta à dúvida colocada por uma estudante da Escola Secundária Nossa Senhora da Hora, Porto:
O título e o autor de uma obra, por exemplo «Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto», devem estar obrigatoriamente separados por vírgula?
A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui e defende que não se trata de uma vírgula obrigatória, porque, nalgumas situações, a clareza da frase dispensa-a. Noutras situações, a distinção entre os constituintes da frase pode não ser tão clara e o uso da vírgula é aconselhado.
Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 45, a resposta à seguinte questão:
Qual a origem do nome da cidade de Beja?
Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pela consultora Sara Mourato.
Mais informações e fonte da imagem aqui.