Destaques do Ciberdúvidas – 19.12.25

Esta semana destacamos três «Artigos», a rubrica «Consultório, a rubrica «O Ciberdúvidas Vai às Escolas» e a rubrica «Ciberdúvidas Responde». No consultório, refletimos sobre a expressão locativa «em Lisboa», discutimos a «próclise e ênclise com porque» e analisamos a formação da palavra «independência». Nos artigos, destacamos uma reflexão sobre norma e pluricentrismo linguístico, uma reflexão sobre o significado da expressão «estar na berlinda» e uma terceira sobre «Antissemitismo, semita e Sem: palavras num mundo em convulsão».
Na rubrica Artigos, destacamos três textos:

i. Um artigo, de Fernando Pestana, sobre «Escritora brasileira x editor lusitano» - uma reflexão sobre norma e pluricentrismo linguístico.

Excerto do artigo, que pode ser lido aqui, mantendo a grafia do original citado:

«Raquel de Queirós (1910-2003), numa de suas deliciosas 100 Crônicas Escolhidas, fala-nos de sua reação em face da carta de um editor português, que desejava publicar-lhe as obras. Raquel transcreve este expressivo trechinho da missiva do editor lusitano:

«... A necessidade que se impõe para uma edição portuguesa de autores brasileiros, de certas e inofensivas alterações, como sejam a deslocação de pronomes (em certos casos), harmonização da ortografia com as determinações do Acordo Luso-Brasileiro — que em Portugal é cumprido — e uma ou outra substituição de termos pouco usados em Portugal ou tenham sentido diferente daquele que o autor lhe que quis dar.»

Mas a atitude de Raquel de Queirós foi clara: «Pois a resposta que tenho a dar ao prezado editor português é a mesma que já lhe deu, tempos atrás, meu editor e meu amigo José Olímpio: Muito obrigada, mas assim, não.» E depois: «A primeira interrogação que nos ocorre diante de tal projeto de "alterações", é esta: será verdade, realmente, que o público português não entende a língua portuguêsa do Brasil, tal como a falamos? Não haverá, na ideia dessas alterações, mais uma questão de prestígio que de necessidade?».»


ii. Um artigo, de Carla Marques, sobre o significado da expressão «estar na berlinda».

Excerto do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui:

«Qual o significado da expressão «estar na berlinda»? Esta expressão é usada para descrever uma situação em que alguém é o centro das atenções por estar relacionado com alguma polémica. Assim, «estar na berlinda» é ser muito falado ou comentado por motivos relacionados com algum tipo de controvérsia.»


iii. Um artigo, da equipa editorial do Ciberdúvidas, sobre «Antissemitismo, semita e Sem: palavras num mundo em convulsão».

Excerto do artigo, que pode ser lido aqui:

«O mundo está em profunda convulsão e a paz parece cada vez mais uma realidade distante face aos conflitos que tanto se perpetuam a nível global como surgem a nível local. Território, terras raras, poder ou religião são alguns dos fatores que justificam o uso de armas e a conceção da morte como instrumentos para atingir um dado objetivo. Neste final de ano, vemos a guerra na Ucrânia resistir perante esforços de paz que envolvem condições pouco transparentes. Assistimos também, incrédulos, ao ataque que teve lugar em Bondi Beach, na Austrália, onde pai e filho atingiram a tiro membros da comunidade judaica, numa ação que provocou a morte de pelo menos 11 pessoas e feriu mais de 40.»



Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, três questões: 

i. Sobre a expressão locativa «em Lisboa».

A resposta à dúvida colocada – «Na frase «Saúdo-vos cordialmente. Estou feliz por estar em Lisboa…», «em Lisboa» é um deítico espacial?» – defende que esse constituinte não é um deítico espacial, porque «Os deíticos espaciais são palavras cuja referência depende de informação contextual e em particular das coordenadas espaciais associadas ao espaço no qual se encontra o locutor.»

A explicação pode ser lida neste artigo.


ii. Sobre «Próclise e ênclise com porque».

A resposta pode ser consultada neste linque e esclarece a seguinte dúvida: «Na frase «O Fidalgo exigiu tratamento diferenciado porque terá idealizado a sua entrada no Paraíso», se substituirmos o complemento direto na oração subordinada adverbial causal, teremos como resposta correta "porque a terá idealizado" ou "porque tê-la-á idealizado"?»


iii. Sobre a formação da palavra «independência».

O artigo, que se pode ler aqui, responde à seguinte questão: «Gostaria de saber o processo de formação da palavra independência. Parece-me, à partida, que poderíamos considerar a derivação por prefixação, uma vez que juntámos um prefixo à palavra dependência.

No entanto, quando pensamos na palavra infelizmente, normalmente consideramo-la derivada por prefixação e sufixação, embora também possamos pensar que juntámos o mesmo prefixo à palavra felizmente.»

A resposta assume que 

«Independência é uma palavra derivada, por prefixação, de dependência: in- + dependência →independência.

Quanto a dependência, é esta uma palavra derivada por sufixação, tendo como base depende-, tema do verbo depender: depende- + -(^)ncia → dependência



No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.

Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.

Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt

Esta semana, destacamos o vídeo 49 com a resposta à dúvida colocada por uma estudante do AE Engenheiro Dionísio A. Cunha, em Canas de Senhorim: 

Qual a classe da palavra "a": preposição, determinante ou pronome?

A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui e começa por reconhecer que a única forma de identificar a classe de palavras a que a pertence é analisando o seu comportamento na frase, o que é explicitado a seguir com exemplos.



Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 54, a origem do nome do rio Minho.

Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pelo consultor Carlos Rocha, que defende que a região do Minho deve o seu nome ao rio Minho.



Mais informações e fonte da imagem aqui.