Na rubrica Artigos, destacamos três textos: i. Um artigo, de Fernando Pestana, sobre «Escritora brasileira x editor lusitano» - uma reflexão sobre norma e pluricentrismo linguístico. Excerto do artigo, que pode ser lido aqui, mantendo a grafia do original citado: «Raquel de Queirós (1910-2003), numa de suas deliciosas 100 Crônicas Escolhidas, fala-nos de sua reação em face da carta de um editor português, que desejava publicar-lhe as obras. Raquel transcreve este expressivo trechinho da missiva do editor lusitano: «... A necessidade que se impõe para uma edição portuguesa de autores brasileiros, de certas e inofensivas alterações, como sejam a deslocação de pronomes (em certos casos), harmonização da ortografia com as determinações do Acordo Luso-Brasileiro — que em Portugal é cumprido — e uma ou outra substituição de termos pouco usados em Portugal ou tenham sentido diferente daquele que o autor lhe que quis dar.» Mas a atitude de Raquel de Queirós foi clara: «Pois a resposta que tenho a dar ao prezado editor português é a mesma que já lhe deu, tempos atrás, meu editor e meu amigo José Olímpio: Muito obrigada, mas assim, não.» E depois: «A primeira interrogação que nos ocorre diante de tal projeto de "alterações", é esta: será verdade, realmente, que o público português não entende a língua portuguêsa do Brasil, tal como a falamos? Não haverá, na ideia dessas alterações, mais uma questão de prestígio que de necessidade?».» ii. Um artigo, de Carla Marques, sobre o significado da expressão «estar na berlinda». Excerto do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui: «Qual o significado da expressão «estar na berlinda»? Esta expressão é usada para descrever uma situação em que alguém é o centro das atenções por estar relacionado com alguma polémica. Assim, «estar na berlinda» é ser muito falado ou comentado por motivos relacionados com algum tipo de controvérsia.» iii. Um artigo, da equipa editorial do Ciberdúvidas, sobre «Antissemitismo, semita e Sem: palavras num mundo em convulsão». Excerto do artigo, que pode ser lido aqui: «O mundo está em profunda convulsão e a paz parece cada vez mais uma realidade distante face aos conflitos que tanto se perpetuam a nível global como surgem a nível local. Território, terras raras, poder ou religião são alguns dos fatores que justificam o uso de armas e a conceção da morte como instrumentos para atingir um dado objetivo. Neste final de ano, vemos a guerra na Ucrânia resistir perante esforços de paz que envolvem condições pouco transparentes. Assistimos também, incrédulos, ao ataque que teve lugar em Bondi Beach, na Austrália, onde pai e filho atingiram a tiro membros da comunidade judaica, numa ação que provocou a morte de pelo menos 11 pessoas e feriu mais de 40.» Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, três questões: i. Sobre a expressão locativa «em Lisboa». A resposta à dúvida colocada – «Na frase «Saúdo-vos cordialmente. Estou feliz por estar em Lisboa…», «em Lisboa» é um deítico espacial?» – defende que esse constituinte não é um deítico espacial, porque «Os deíticos espaciais são palavras cuja referência depende de informação contextual e em particular das coordenadas espaciais associadas ao espaço no qual se encontra o locutor.» A explicação pode ser lida neste artigo. ii. Sobre «Próclise e ênclise com porque». A resposta pode ser consultada neste linque e esclarece a seguinte dúvida: «Na frase «O Fidalgo exigiu tratamento diferenciado porque terá idealizado a sua entrada no Paraíso», se substituirmos o complemento direto na oração subordinada adverbial causal, teremos como resposta correta "porque a terá idealizado" ou "porque tê-la-á idealizado"?» iii. Sobre a formação da palavra «independência». O artigo, que se pode ler aqui, responde à seguinte questão: «Gostaria de saber o processo de formação da palavra independência. Parece-me, à partida, que poderíamos considerar a derivação por prefixação, uma vez que juntámos um prefixo à palavra dependência. No entanto, quando pensamos na palavra infelizmente, normalmente consideramo-la derivada por prefixação e sufixação, embora também possamos pensar que juntámos o mesmo prefixo à palavra felizmente.» A resposta assume que «Independência é uma palavra derivada, por prefixação, de dependência: in- + dependência →independência. Quanto a dependência, é esta uma palavra derivada por sufixação, tendo como base depende-, tema do verbo depender: depende- + -(^)ncia → dependência.» No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas. Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais. Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos. As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt Esta semana, destacamos o vídeo 49 com a resposta à dúvida colocada por uma estudante do AE Engenheiro Dionísio A. Cunha, em Canas de Senhorim: Qual a classe da palavra "a": preposição, determinante ou pronome? A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui e começa por reconhecer que a única forma de identificar a classe de palavras a que a pertence é analisando o seu comportamento na frase, o que é explicitado a seguir com exemplos. Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 54, a origem do nome do rio Minho. Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pelo consultor Carlos Rocha, que defende que a região do Minho deve o seu nome ao rio Minho. Mais informações e fonte da imagem aqui.