Destaques do Ciberdúvidas – 7.11.25

Esta semana destacamos dois «Artigos», a rubrica «Consultório, a rubrica «O Ciberdúvidas Vai às Escolas» e a rubrica «Ciberdúvidas Responde»s. No consultório, refletimos sobre a pertinência do anglicismo voucher, falamos da estrutura coordenada «sem... nem...», analisamos a palavra «nada» como pronome indefinido, nome ou advérbio e discutimos o uso das conjunções quando e enquanto. Nos artigos, destacamos uma reflexão sobre o feminino de carteiro e outro sobre estrangeirismos no universo dos bebés, entre o cuidado e a linguagem.

Na rubrica Artigos, destacamos dois textos:

i. Um artigo, de Inês Gama, sobre «O feminino de carteiro» e a regra geral de formação de femininos em português.

Excerto do artigo, que pode ser lido aqui:

«Numa primeira análise, parece simples: carteiro, nome masculino, tem carteira, como o seu correspondente feminino. Todavia há quem desconfie do uso de carteira para designar uma mulher que entrega correio, uma vez que carteira também serve para designar o sítio onde se guarda, por exemplo, o dinheiro. Por conseguinte, muitos interrogam-se se o nome carteira serve mesmo como feminino de carteiro

 

ii.Um artigo, de Sara Mourato, intitulado «Estrangeirismos no universo dos bebés», entre o cuidado e a linguagem.

Excerto do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui:

«No universo dos bebés, há uma série de termos em inglês que se tornaram comuns, mesmo entre falantes de português. Babysitting é talvez o mais conhecido, usado para designar a «atividade que consiste em tomar conta de crianças na casa destas durante a ausência dos pais, mediante pagamento», e, consequentemente, babysitter – «pessoa que, mediante pagamento, toma conta de crianças na casa destas durante a ausência dos pais». Mais recentemente, surgiram expressões como babywearing, que é a prática de transportar o bebé junto ao corpo, usando um pano ou outro tipo de suporte; co-sleeping, que equivale a «partilha da cama com os filhos (bebés e crianças), sono em família»; tummy time, que é o tempo que o bebé passa de barriga para baixo; sleep training, que é o processo de ensinar a criança a adormecer e a voltar a dormir de forma autónoma, sem intervenção dos pais; e swaddle, que consiste em enfaixar o bebé de forma justa, com o intuito de o acalmar e facilitar o sono. Estes termos aparecem com frequência em conteúdos digitais, materiais informativos e embalagens de produtos, muitas vezes sem qualquer tradução ou explicação em português.»

 

 

 

Na rubrica Consultório, que permite que os consulentes façam perguntas aos especialistas do Ciberdúvidas – mas verificando primeiro se não existe já uma pergunta que tenha sido feita anteriormente e que responda a essa dúvida –, destacamos, esta semana, quatro questões:

i. Sobre «a pertinência do anglicismo voucher» e a noção de atestado de pagamento, vale ou cheque – mas será que se pode dizer «O voucher do Douro é uma paisagem magnífica!»?

A resposta pode ser lida neste artigo.

 

ii. Sobre a estrutura coordenada «sem… nem…», em construções como «Bem iluminado, sem pessoas e objetos ao redor.» Ou dever-se-á dizer «Bem iluminado, e sem pessoas e objetos ao redor.»?

A resposta pode ser lida neste linque e defende uma reformulação da construção inicial.

 

iii. Sobre a palavra «nada» como pronome indefinido, nome ou advérbio.

O artigo, que se pode ler aqui, defende que «nada pode assumir diferentes funções gramaticais, sendo, por isso, uma palavra heterocategórica, quer isto dizer que pode pertencer a mais do que uma classe de palavras, consoante o contexto. Pode funcionar como pronome indefinido (ex.: «Nada me interessa»), como nome (ex.: «O nada absoluto») ou como advérbio, como sucede na frase em análise [«Não gosto nada de ti.»].»

 

iv. Sobre «enquanto vs. quando», em construções como «Não reparou em nada fora do comum enquanto estava no escritório?» ou «Não reparou em nada fora do comum quando estava no escritório?».

A resposta pode ser lida neste linque e defende que «As duas frases são corretas. Não obstante, o uso das conjunções quando e enquanto pode permitir ativar significações específicas.»

 

 

 

No âmbito da intenção de alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, foi lançado, como os sócios da APP já sabem, O Ciberdúvidas Vai às Escolas.

Este novo projeto leva o Ciberdúvidas às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. Aí, de forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, as dúvidas que os alunos têm relacionadas com questões gramaticais.

Estas sessões são gravadas em formato vídeo e serão divulgadas, posteriormente, nas redes sociais do Ciberdúvidas, no formato de vários pequenos vídeos (ou reels), que dão a conhecer o esclarecimento dado a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a que outros alunos e professores possam ter acesso aos conhecimentos envolvidos, para esclarecer dúvidas ou sistematizar conhecimentos.
As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt

Esta semana, destacamos o vídeo 43 com a resposta à dúvida colocada por um estudante da Escola Secundária Nossa Senhora da Hora, Porto:

Na frase «Tem uma palavra que não conheço.», o uso do verbo ter como sinónimo de haver é correto?

A resposta, dada pela consultora Carla Marques, pode ser consultada no vídeo disponível aqui e defende que, em português europeu, o verbo ter, no seu uso mais normativo, não tem o sentido de haver – o verbo ter com o sentido de existir, no entanto, é usado no português do Brasil.

 

 

 

Na rubrica Ciberdúvidas Responde, destacamos, no episódio 47, as diferenças de pronúncia entre as regiões a norte e a sul do rio Mondego.

Assista a este vídeo para saber a resposta, dada pela consultora Inês Gama.

 

 

 

Mais informações e fonte da imagem aqui.